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TEATRO
Estréia montagem, produzida por Regina Duarte, de texto da australiana Joanna Murray-Smith
"Honra" retrata a anti-Malu Mulher
VALMIR SANTOS
free-lance para a Folha
O enredo é típico de novela das
oito: após 32 anos de casamento,
homem troca mulher por outra
que tem quase a idade da sua filha. Em cena, a chancela do padrão Globo de interpretação: Regina Duarte, Carolina Ferraz e
Gabriela Duarte. Mas o assunto
aqui é teatro.
"Esqueça o enredo. Ele é apenas
pretexto para uma jóia da dramaturgia universal", garante a atriz e
produtora Regina Duarte, 52. Ela
sai em defesa de "Honra", texto
inédito da australiana Joana Murray-Smith (leia texto abaixo).
Com direção de Celso Nunes, a
montagem estréia hoje no teatro
Cultura Artística, em São Paulo,
para convidados, e inicia temporada amanhã para o público.
"Se eu queria um texto que fugisse do naturalismo que a televisão propõe, esse texto é "Honra". É
uma história que só pode ser contada no teatro", descreve Regina.
Ela volta ao palco sete anos depois de protagonizar "A Vida É
Sonho", de Calderón de La Barca,
dirigida por Gabriel Villela. Ao
contrário do papel do príncipe recluso, que lhe exigia expressão
corporal, ela agora lida com uma
interpretação meramente introspectiva.
Regina vive Norah, uma mulher
elegante, cerca de 50 anos, que abdicou da carreira de escritora para
ser mãe e mulher. O marido, Guilherme (Marcos Caruso), é jornalista famoso e cinquentão atraente. São pais de Sofia (Gabriela
Duarte), universitária.
Essa típica família classe média
é abalada com a chegada de Cláudia (Carolina Ferraz), uma linda
jornalista de 30 anos. Ela tem um
caso com Guilherme, que pede a
separação e deixa mãe e filha perplexas.
"A Cláudia funciona como um
anjo exterminador. Ela chega,
aniquila uma situação que sobrevivia dentro de uma certa harmonia, mas que não estava propriamente viva", afirma Carolina Ferraz, 30. "Em função disso, surge
uma nova vida para os quatro
personagens da história."
Apesar das inevitáveis cenas de
ciúme, o maniqueísmo não tem
vez. "Os quatro personagens são
muito genuínos nos seus desejos,
nos seus movimentos na vida. Tudo que colocam em conflito é lícito de todos os lados, não existe o
certo e o errado", explica Regina.
Nem o marido que trai, um prato feito para feministas roxas, é jogado à fogueira. "É porque o Guilherme abandona a mulher, é
porque ele se apaixona por outra
que a peça detona em todos os
personagens o sentimento mais
profundo do ser humano, que é a
paixão, a necessidade de não ir
contra, de ser fiel, de honrar seus
próprios sentimentos", diz Caruso, 47.
"Honra" promove duas situações inéditas: o comediógrafo Caruso ("Trair e Coçar, É Só Começar") encara o "primeiro drama"
em 25 anos de carreira. E Carolina
debuta no teatro profissional, ela
que só subiu ao palco na adolescência, como bailarina e atriz
amadora.
Peça: Honra
Autora: Joanna Murray-Smith
Direção: Celso Nunes
Quando: pré-estréia hoje, 21h; ter. e
qua., 21h; qui., 18h e 21h. Até 16/12
Onde: teatro Cultura Artística - sala
Rubens Sverner (r. Nestor Pestana, 196,
região central, tel. 0/xx/11/258-3616)
Quanto: R$ 20 (qui., 18h) e R$ 30
Patrocínio: Volkswagen e Telefônica
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