São Paulo, Terça-feira, 23 de Novembro de 1999
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Mostras celebram cineasta alemão Werner Herzog

do enviado a Amsterdã

O grande homenageado desta 12ª edição do festival será o cineasta alemão Werner Herzog, 57 anos.
Nada que surpreenda pois, desde sempre, Herzog equilibrou sua carreira com um pé na ficção e outro no documentário, dentro da vocação realista que Lúcia Nagib reconheceu em sua estética.
Se a década de setenta extraiu-lhe seus maiores épicos dramáticos, de "Aguirre" a "Woyzeck", a partir dos anos 80 é a produção não-ficcional que se torna hegemônica em sua filmografia ("Onde Sonham as Formigas Gigantes"; "O Pequeno Dieter Precisa Voar").
Tanto é assim que Amsterdã apresenta a partir desta quinta uma retrospectiva com nada menos que 25 documentários rodados por Herzog.
A mostra resume mais de três décadas de documentarismo, de "A Defesa sem Precedentes do Forte Deutschkretz" (1966) a "Meu Inimigo Íntimo - Klaus Kinski" (1999), que participa ainda da competição de filmes.
O cineasta Werner Herzog concentra-se em geral sobre o extraordinário que vive à margem, sejam tribos exóticas para o olhar ocidental, sejam artistas não menos incomuns (o escultor Steiner, o compositor Gesualdo, o ator Kinski).
O festival convidou Herzog ainda para ser o curador de uma mostra com seus dez documentários favoritos.
Cinco deles são norte-americanos, dois dos quais dirigidos por Errol Morris: "Vernon, Florida" (1981) e "Fast, Cheap and Out of Control" (Rápido, Barato e Descontrolado, 1997). "Tudo o que ele faz é muito, muito bom", justifica-se.
A lista é aberta pelo pioneiro "Nanook" (1922) de Robert Flaherty, prosseguindo com "Les Maitres Fous" (Os Mestres Tolos, 1955) de Jean Rouch e "Lettre de Sibérie" (Carta da Sibéria, 1958), de Chris Marker.
De Les Blank, que retratou Herzog filmando "Fitzcarraldo" no revelador "Burden of Dreams" (Fardo de Sonhos, 1982), foi escolhido o filme de estréia, "Spend It All" (Gaste Tudo, 1971).
Três outros selecionados foram rodados nos anos 80: "Cane Toads", do australiano M. Lewin, "Forest of Bliss", do americano Robert Gardner e "Yuki Yukite Shingun" (O Exército Nu do Imperador Desfila), de Kazuo Hara. Há ainda "Good News" (Boas Notícias, 1990), do austríaco Ulrich Seidl.
Herzog deve aproveitar os holofotes para retomar sua polêmica com a escola do "cinema direto", o movimento surgido nos Estados Unidos dos anos 60 baseado em equipes ágeis e filmagens improvisadas.
No ano passado, o cineasta alemão soltou um manifesto atacando seus protagonistas (Maysles, Pennebaker etc.) e denunciando como impostura o chamado "cinema verdade".
"É claro que sempre influenciamos nosso tema", repisou recentemente. (AL)


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