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Mostras celebram cineasta alemão Werner Herzog
do enviado a Amsterdã
O grande homenageado desta
12ª edição do festival será o cineasta alemão Werner Herzog, 57
anos.
Nada que surpreenda pois, desde sempre, Herzog equilibrou sua
carreira com um pé na ficção e
outro no documentário, dentro
da vocação realista que Lúcia Nagib reconheceu em sua estética.
Se a década de setenta extraiu-lhe seus maiores épicos dramáticos, de "Aguirre" a "Woyzeck", a
partir dos anos 80 é a produção
não-ficcional que se torna hegemônica em sua filmografia ("Onde Sonham as Formigas Gigantes"; "O Pequeno Dieter Precisa
Voar").
Tanto é assim que Amsterdã
apresenta a partir desta quinta
uma retrospectiva com nada menos que 25 documentários rodados por Herzog.
A mostra resume mais de três
décadas de documentarismo, de
"A Defesa sem Precedentes do
Forte Deutschkretz" (1966) a
"Meu Inimigo Íntimo - Klaus
Kinski" (1999), que participa ainda da competição de filmes.
O cineasta Werner Herzog concentra-se em geral sobre o extraordinário que vive à margem,
sejam tribos exóticas para o olhar
ocidental, sejam artistas não menos incomuns (o escultor Steiner,
o compositor Gesualdo, o ator
Kinski).
O festival convidou Herzog ainda para ser o curador de uma
mostra com seus dez documentários favoritos.
Cinco deles são norte-americanos, dois dos quais dirigidos por
Errol Morris: "Vernon, Florida"
(1981) e "Fast, Cheap and Out of
Control" (Rápido, Barato e Descontrolado, 1997). "Tudo o que
ele faz é muito, muito bom", justifica-se.
A lista é aberta pelo pioneiro
"Nanook" (1922) de Robert Flaherty, prosseguindo com "Les
Maitres Fous" (Os Mestres Tolos,
1955) de Jean Rouch e "Lettre de
Sibérie" (Carta da Sibéria, 1958),
de Chris Marker.
De Les Blank, que retratou Herzog filmando "Fitzcarraldo" no
revelador "Burden of Dreams"
(Fardo de Sonhos, 1982), foi escolhido o filme de estréia, "Spend It
All" (Gaste Tudo, 1971).
Três outros selecionados foram
rodados nos anos 80: "Cane
Toads", do australiano M. Lewin,
"Forest of Bliss", do americano
Robert Gardner e "Yuki Yukite
Shingun" (O Exército Nu do Imperador Desfila), de Kazuo Hara.
Há ainda "Good News" (Boas Notícias, 1990), do austríaco Ulrich
Seidl.
Herzog deve aproveitar os holofotes para retomar sua polêmica
com a escola do "cinema direto",
o movimento surgido nos Estados Unidos dos anos 60 baseado
em equipes ágeis e filmagens improvisadas.
No ano passado, o cineasta alemão soltou um manifesto atacando seus protagonistas (Maysles,
Pennebaker etc.) e denunciando
como impostura o chamado "cinema verdade".
"É claro que sempre influenciamos nosso tema", repisou recentemente.
(AL)
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