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Morre coreógrafo que revolucionou a dança clássica
Maurice Béjart, que se projetou ao unir a dança a outras artes, dedicou seus últimos dias a coreografia que estreará em dezembro
A companhia Béjart Ballet Lausanne iniciará turnê com "A Volta ao Mundo em 80 Dias", a última das cerca de 250 obras do francês
Bertrand Guay - 22.mai.2005/France Presse
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Maurice Bejart durante ensaio da coreografia "Best', em 2005
ADRIANA PAVLOVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Uma das grandes referências
da dança do século 20, o coreógrafo francês Maurice Béjart
morreu ontem, aos 80 anos, em
Lausanne, cidade suíça onde
escolheu viver e trabalhar com
sua companhia nas últimas
duas décadas.
O artista, que se projetou
mundialmente ao revigorar a
dança clássica com audácia,
mas sem deixar de lado a técnica do balé, vinha enfrentando
problemas cardíacos e renais.
Na semana passada, Béjart fora
internado no hospital universitário de Lausanne pela segunda
vez em um mês, alegando muito cansaço.
Mesmo doente e acamado,
ele passou os últimos dias envolvido com os detalhes daquela que será sua derradeira criação para a companhia que leva
o seu nome -a Béjart Ballet
Lausanne, fundada por ele na
Suíça, depois de ter dirigido o
Balé do Século 20, em Bruxelas,
de 1960 a 1987.
O espetáculo "A Volta ao
Mundo em 80 Dias" tem estréia
marcada para o próximo dia
20 de dezembro, em Lausanne,
seguindo em fevereiro para Paris, a primeira parada de uma
turnê mundial.
"Estamos muito chateados
mas o show vai continuar", disse o porta-voz da companhia,
Roxanne Aybek, confirmando a
première do balé.
Pseudônimo
Nascido em Marselha em
1927, filho de um filósofo, Maurice Berger começou a dançar
ainda rapaz, por indicações médicas. Não demorou muito para
que se apaixonasse e decidisse
tornar as sapatilhas um projeto
profissional.
Ao mudar-se para Paris, para
aprofundar-se nos estudos do
balé clássico, ele também escolheu o pseudônimo que o projetaria em todo mundo. Béjart foi
uma homenagem a Molière,
cuja esposa se chamava Armande Béjart.
Em cinco décadas de criação,
o coreógrafo, dono de profundos olhos azuis, montou um
acervo de cerca de cerca de 250
coreografias, que espelharam
em muito suas paixões e interesses, como o esoterismo, o
amor por culturas diversas e
misturas artísticas. Um caldeirão cultural que tem como mérito ter conseguido atrair uma
platéia das mais ecléticas, em
todo o mundo.
Entre os hits coreográficos
que deixou inscritos na dança
do século passado, estão "Bolero", com música de Ravel dançado por bailarinos homens, e
a sua versão para "A Sagração
da Primavera". Além de criações para as companhias que
fundou ao longo da vida, fez
trabalhos com grandes nomes
da dança, como Suzanne Farrell, Sylvie Guillem, Jorge
Donn e Rudolf Nureyev.
Béjart e suas companhias estiveram no Brasil diversas vezes, a partir da década de 70.
Em 2000, o Ballet de Lausanne
apresentou uma coletânea de
diferentes peças do artista, entre eles "A Rota da Seda", um
exemplar de todo o ecletismo
do coreógrafo. Para contar a
história de fabricantes de seda
que desbravaram o mundo, ele
usou 40 bailarinos em cena,
dançando músicas bizantinas,
turcas,iranianas, indianas,
mongóis e chinesas, Vivaldi e
sons eletrônicos.
Pouco depois, em 2003, o
país assistiu à turnê de "Madre
Tereza e as Crianças do Mundo", na qual Béjart uniu seu talento ao da brasileira Márcia
Haydée. A bailarina era a estrela do espetáculo de estréia da
Compagnie M, outra criação do
coreógrafo, desta vez com jovens talentos de diferentes partes do mundo.
Logo depois do anúncio da
morte do coreógrafo, a ministra
da Cultura da França, Christine
Albanel, fez um pronunciamento. "Perdemos um dos
maiores coreógrafos do nosso
tempo, um dos mais famosos e
um dos mais admirados", disse.
Na próxima segunda-feira,
haverá uma homenagem pública a Béjart em Lausanne. Convertido ao islamismo, o coreógrafo havia pedido que seu corpo fosse cremado.
Com agências internacionais
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