|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
comentário
Apenas Nijinsky provocara comoção similar
ANA FRANCISCA PONZIO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O século 20 foi marcado por artistas
que revolucionaram a dança, e Maurice
Béjart foi um deles, certamente o mais popular.
Com Béjart, a dança extrapolou as fronteiras dos
teatros convencionais e
passou a atingir multidões, seja em estádios gigantescos ou palcos ao ar
livre. Outra marca foram
os elencos masculinos, tão
exuberantes quanto os femininos, o que gerou uma
igualdade de sexos.
Quando lançou "A Sagração da Primavera", em
1959, ele conseguiu provocar uma comoção que, até
então, havia-se experimentado somente em
1913, quando Nijinsky
apresentou em Paris a sua
ousada versão para a obra
de Stravinsky. Béjart abriu
as portas não só para a
fundação do Ballet do Século 20, que ele passou a
dirigir em Bruxelas, como
também para a concepção
de espetáculo total, que
acabou influenciando gerações, inclusive no Brasil.
"O casal da "Sagração"
simboliza a união do céu e
da terra, a dança de vida e
morte, eterna como a primavera", escreveu o coreógrafo certa vez. Para
Béjart, a dança era o único
meio capaz de estabelecer
um contato profundo entre povos de todas as raças.
Imbuído de tais idéias,
ele fundou em 1970, em
Bruxelas, a escola Mudra,
freqüentada por artistas
do mundo inteiro, inclusive as brasileiras Juliana
Carneiro da Cunha, que
hoje integra o Théatre du
Soleil, e Célia Gouvea.
No Mudra (que em sânscrito significa "gesto"), ele
pretendia formar artistas
totais, bailarinos munidos
de inúmeras habilidades.
Com elencos fabulosos,
Béjart passou com sucesso
pelo Brasil. Embora o brilho das produções tenha se
esmaecido nos últimos
tempos, ele marcou a cena
brasileira em 1997 com
"Le Presbytère n'a Rien
Perdu de Son Charme, ni
le Jardin de Son Éclat".
Texto Anterior: Morre coreógrafo que revolucionou a dança clássica Próximo Texto: Análise: Obra de Béjart virou emblema de inovação no século 20 Índice
|