São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2007

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comentário

Apenas Nijinsky provocara comoção similar

ANA FRANCISCA PONZIO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O século 20 foi marcado por artistas que revolucionaram a dança, e Maurice Béjart foi um deles, certamente o mais popular.
Com Béjart, a dança extrapolou as fronteiras dos teatros convencionais e passou a atingir multidões, seja em estádios gigantescos ou palcos ao ar livre. Outra marca foram os elencos masculinos, tão exuberantes quanto os femininos, o que gerou uma igualdade de sexos.
Quando lançou "A Sagração da Primavera", em 1959, ele conseguiu provocar uma comoção que, até então, havia-se experimentado somente em 1913, quando Nijinsky apresentou em Paris a sua ousada versão para a obra de Stravinsky. Béjart abriu as portas não só para a fundação do Ballet do Século 20, que ele passou a dirigir em Bruxelas, como também para a concepção de espetáculo total, que acabou influenciando gerações, inclusive no Brasil.
"O casal da "Sagração" simboliza a união do céu e da terra, a dança de vida e morte, eterna como a primavera", escreveu o coreógrafo certa vez. Para Béjart, a dança era o único meio capaz de estabelecer um contato profundo entre povos de todas as raças.
Imbuído de tais idéias, ele fundou em 1970, em Bruxelas, a escola Mudra, freqüentada por artistas do mundo inteiro, inclusive as brasileiras Juliana Carneiro da Cunha, que hoje integra o Théatre du Soleil, e Célia Gouvea.
No Mudra (que em sânscrito significa "gesto"), ele pretendia formar artistas totais, bailarinos munidos de inúmeras habilidades.
Com elencos fabulosos, Béjart passou com sucesso pelo Brasil. Embora o brilho das produções tenha se esmaecido nos últimos tempos, ele marcou a cena brasileira em 1997 com "Le Presbytère n'a Rien Perdu de Son Charme, ni le Jardin de Son Éclat".


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