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Mostra competitiva de Brasília começa com filme pernambucano
"Amigos de Risco" reafirma opção da organização em dar espaço a novos autores
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Não foi aleatória a decisão
dos organizadores do Festival
de Brasília de abrir a competição da 40ª edição, na noite de
quarta, com "Amigos de Risco",
estréia em longas do pernambucano Daniel Bandeira, 28.
"Queremos dar espaço aos
novos", afirma Fernando Adolfo, coordenador do festival. No
palco do Cine Brasília, Bandeira agradeceu "a credencial" e o
fato de "o festival ter aberto os
olhos a uma proposta que dificilmente se vê".
Não é do tema que provém a
autodefinida novidade de
"Amigos de Risco". Assim como
seu conterrâneo Cláudio Assis,
duas vezes vencedor em Brasília ("Amarelo Manga", "Baixio
das Bestas"), Bandeira mira a
extensa faixa dos desfavorecidos na pirâmide econômico-social brasileira, para extrair de
trajetórias individuais as resultantes da pobreza -em dilemas
éticos e conflito latente com a
parcela rica da população.
Há algo de particular, porém,
no modo como o filme escrito,
dirigido e montado por Bandeira arma a sua equação.
"Amigos de Risco" começa
com um champanhe sendo estourado, no salão de um restaurante, por clientes que comemoram o sucesso de um empreendimento imobiliário.
Mas quem interessa ao filme
é o garçom Nelson (Paulo
Dias), que ali recebe um telefonema do sumido amigo Joca
(Irandhir Santos), convidando-o a um reencontro. Joca liga
também para Benito (Rodrigo
Riszla), empregado de uma gráfica, e os três se reúnem.
O périplo pela noite do Recife
expõe os contrastes da cidade e
entre as personalidades do trio,
indo de restaurantes e boates
descolados até um inferninho
no periférico bairro Afogados.
É lá que Joca propõe aos amigos serem seus "laranjas" num
novo negócio. Ele fugira da cidade dois anos antes, encrencado numa série de golpes.
É lá também que Joca tem
uma overdose e se torna um literal peso morto nas costas de
Benito e Nelson. Sem carro,
sem ônibus, os dois carregam o
amigo, tentando salvá-lo.
O caminho será longo e acidentado e haverá tempo para
que Benito e Nelson descubram que Joca lhes causou
mais problemas do que o daquela noite.
"Amigos de Risco" termina
quando amanhece e os "sobreviventes" tomam a decisão que
definirá o futuro de sua amizade -e da vida de Joca.
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