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Documentário revê artista concreto
Max Bill é tema de filme premiado no Festival de Locarno que tem exibição na mostra Panorama Sesc do Cinema Suíço
Vida de pintor, escultor e designer é esmiuçada em produção, que apresenta luta contra o nazifascismo; 1ª exibição acontece hoje
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O principal nome da arte
concreta em âmbito mundial,
mas também um político internacional, um ativista contra os
movimentos totalitários e um
interlocutor de artistas.
O suíço Max Bill (1908-1994)
tem todas essas facetas reveladas no documentário "Bill - A
Visão do Mestre", de Erich
Schmid, o título mais importante do Panorama Sesc do Cinema Suíço 2009, que começa
hoje em São Paulo e vai até o
próximo dia 3.
"Bill..." foi premiado no Festival de Locarno no ano passado (Menção Especial da Crítica) e traça, em 1h33 de duração,
um panorama bastante amplo
da trajetória do pintor, escultor, designer e arquiteto suíço.
Apesar de ser excessivamente generoso à figura do artista
-não se comenta a rigidez dele
como professor em Ulm nem
suas posições contra a arquitetura de Brasília-, a produção
se fundamenta em apurada iconografia de Bill, entrevistas não
repetitivas e reconstituição de
episódios pouco lembrados.
"Max Bill é certamente um
dos mais importantes artistas
contemporâneos, e não apenas
da Suíça e da Europa", afirma
Schmid, diretor do filme.
"Muitos estudantes do mundo inteiro, incluindo a América
Latina, foram para a Escola de
Ulm [na Alemanha] aprender
arte e design, dirigida por ele."
Um desses alunos era o designer paulistano Alexandre
Wollner, 81, que frequentou
aulas em Ulm de 1953 a 1958.
Wollner estudava no antigo
Instituto de Arte Contemporânea, no Masp, e ajudou a montar a exposição do suíço no museu, em 1951.
Dois anos depois, o próprio
artista veio a São Paulo e pediu
para que Pietro Maria Bardi
(1900-1999) indicasse estudantes para Ulm, e aí Wollner foi
recomendado.
"Ulm mudou minha vida, virei outra pessoa lá", diz Wollner à Folha. "Não existia projeto individual de design em
Ulm, todos participavam. Isso
era muito diferente do que eu
tinha aprendido."
O designer paulistano acabou de voltar de Zurique, onde
participou da inauguração da
mostra "Dimensões da Arte
Construtiva no Brasil", que exibe peças da coleção Adolpho
Leirner, em cartaz até 21 de fevereiro na Haus Konstruktiv.
"Na Suíça, Bill é um mestre.
E, no Brasil, não se pode esquecer seu papel fundamental e
decisivo na eclosão dos movimentos concretos", avalia ele.
O MAC-USP tem uma das esculturas mais importantes do
artista, "Unidade Tripartida"
(1948-1949).
Schmid diz que o documentário também almejou o diálogo entre momentos da vida de
Bill -o engajamento contra o
nazifascismo, por exemplo- e
a trajetória artística.
"Quis mostrar que a arte, a
arquitetura e o design, de um
lado, e a responsabilidade político-social, de outro, estavam
intimamente ligados."
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