São Paulo, segunda-feira, 23 de novembro de 2009

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Documentário revê artista concreto

Max Bill é tema de filme premiado no Festival de Locarno que tem exibição na mostra Panorama Sesc do Cinema Suíço

Vida de pintor, escultor e designer é esmiuçada em produção, que apresenta luta contra o nazifascismo; 1ª exibição acontece hoje

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O principal nome da arte concreta em âmbito mundial, mas também um político internacional, um ativista contra os movimentos totalitários e um interlocutor de artistas.
O suíço Max Bill (1908-1994) tem todas essas facetas reveladas no documentário "Bill - A Visão do Mestre", de Erich Schmid, o título mais importante do Panorama Sesc do Cinema Suíço 2009, que começa hoje em São Paulo e vai até o próximo dia 3.
"Bill..." foi premiado no Festival de Locarno no ano passado (Menção Especial da Crítica) e traça, em 1h33 de duração, um panorama bastante amplo da trajetória do pintor, escultor, designer e arquiteto suíço.
Apesar de ser excessivamente generoso à figura do artista -não se comenta a rigidez dele como professor em Ulm nem suas posições contra a arquitetura de Brasília-, a produção se fundamenta em apurada iconografia de Bill, entrevistas não repetitivas e reconstituição de episódios pouco lembrados.
"Max Bill é certamente um dos mais importantes artistas contemporâneos, e não apenas da Suíça e da Europa", afirma Schmid, diretor do filme.
"Muitos estudantes do mundo inteiro, incluindo a América Latina, foram para a Escola de Ulm [na Alemanha] aprender arte e design, dirigida por ele."
Um desses alunos era o designer paulistano Alexandre Wollner, 81, que frequentou aulas em Ulm de 1953 a 1958.
Wollner estudava no antigo Instituto de Arte Contemporânea, no Masp, e ajudou a montar a exposição do suíço no museu, em 1951.
Dois anos depois, o próprio artista veio a São Paulo e pediu para que Pietro Maria Bardi (1900-1999) indicasse estudantes para Ulm, e aí Wollner foi recomendado.
"Ulm mudou minha vida, virei outra pessoa lá", diz Wollner à Folha. "Não existia projeto individual de design em Ulm, todos participavam. Isso era muito diferente do que eu tinha aprendido."
O designer paulistano acabou de voltar de Zurique, onde participou da inauguração da mostra "Dimensões da Arte Construtiva no Brasil", que exibe peças da coleção Adolpho Leirner, em cartaz até 21 de fevereiro na Haus Konstruktiv.
"Na Suíça, Bill é um mestre. E, no Brasil, não se pode esquecer seu papel fundamental e decisivo na eclosão dos movimentos concretos", avalia ele. O MAC-USP tem uma das esculturas mais importantes do artista, "Unidade Tripartida" (1948-1949).
Schmid diz que o documentário também almejou o diálogo entre momentos da vida de Bill -o engajamento contra o nazifascismo, por exemplo- e a trajetória artística.
"Quis mostrar que a arte, a arquitetura e o design, de um lado, e a responsabilidade político-social, de outro, estavam intimamente ligados."


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