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KISS DISCO
Álbum retoma fúria adolescente de três acordes
THALES DE MENEZES
da Reportagem Local
"Psycho Circus" é o melhor disco
do Kiss nos últimos 18 anos. Não
por acaso, retoma a força que a
banda tinha nos anos 70. Para isso,
recorreu à formação original do
grupo. O guitarrista Paul Stanley e
o baixista Gene Simmons, ambos
vocalistas e presentes desde a criação do Kiss, precisam da guitarra
de Ace Frehley e da bateria de Peter
Criss para fazer a magia musical da
banda mais adorada pelos adolescentes do planeta.
O novo disco poderia ser um lançamento de 1976 ou 1977, sem causar qualquer estranheza. É rock
pesado retrô, sem aceleração hardcore nem frescuras eletrônicas.
Rock de guitarra em três acordes,
aqueles que fizeram de "Rock and
Roll All Nite", maior clássico do
Kiss, a eterna cartilha do gênero.
O álbum traz o melhor do Kiss.
"Psycho Circus" e "Within", que
abrem o disco, podem estar repletas das vinhetinhas que o grupo
sempre adorou (como o início da
clássica "Detroit Rock City"), mas
convencem mesmo pelas guitarras
rápidas e pesadas.
Embora seja um ícone do heavy
metal, o Kiss rende mesmo quando não tem vergonha de assumir
seu lado "bubble gum". Não é à toa
que o quarteto é personagem de gibis e modelos para bonecos infantis e outros brinquedos.
Em "I Pledge Allegiance to the
State of Rock & Roll" e "Into the
Void", duas faixas que só podiam
estar em sequência, a mistura de
rock pesado com pop bobinho faz
o ouvinte de qualquer idade ter novamente 13 anos. Parece trilha de
desenho animado. Ou, para quem
tem mais de 30, do "Banana Split".
"Into the Void" é a única faixa do
CD com vocal de Ace Frehley.
"We Are One" é uma baladona
cantada por Simmons -coisa rara, já que o homem da língua gigante prefere cantar as pauleiras e
deixar os momentos românticos
para Paul Stanley. A música lembraria uma daquelas baladas fraquinhas do Van Halen, não fosse
um arranjo vocal fantástico na
parte final.
"You Wanted the Best" traz a urgência rock and roll, com os quatro fazendo um rodízio de vocais.
Música básica e alucinada, como o
Kiss faz há 25 anos -e faz melhor
do que qualquer um.
"Raise Your Glasses" é o momento mais fraco do álbum. Rock
redondinho, tipo anúncio de cigarros Hollywood, só deve ficar na
memória dos fãs mais radicais.
"I Finally Found My Way", cantada por Peter Criss, tenta, sem sucesso, repetir a fórmula de "Beth",
um dos maiores êxitos da história
da banda. Mas "Beth" não virou
um clássico por causa da voz de
Criss. É uma pérola romântica,
com um andamento de bateria
singular. Já "I Finally Found My
Way" é só uma balada bem agradável, mas dispensável.
Outra boa canção é "Dreamin'",
rock pesado, mas lento. Parceria
de Paul Stanley com Bruce Kullick,
ex-guitarrista da banda, tem aquele refrão épico que Stanley gosta,
combinando com seu jeito pomposo de cantar. Mas é Kiss no melhor estilo. Deve levantar a moçada
nos estádios.
O álbum termina com "Journey
of 1.000 Years", uma pequena peça
cheia de variações rítmicas e com a
melhor letra que Gene Simmons
escreveu nos anos 90 ("Você já
dormiu sem sonhar?/Você já tocou sem sentir?").
Existe um momento na vida de
todo garoto roqueiro, por mais
breve que seja, em que o Kiss é a
coisa mais importante do mundo.
"Psycho Circus" é só mais uma
prova disso.
²
Disco: Psycho Circus
Artista: Kiss
Lançamento: PolyGram
Quanto: R$ 18, em média
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