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Tempo de
panetone
VOLTAIRE DE SOUZA
Natal. Tempo de panetone. Dona Isaura caprichava.
O marido era o Ferreira. Tipo farrista. Passava as noites
num bordel em Higienópolis. Lá, tinha quatro preferidas. A Sueli, a Jose, a Kárin e
a Gilvanka. Olhos verdes,
azuis e pretos. Ceia de Natal.
Ferreira exigiu o panetone.
Isaura apareceu sorrindo.
"Olha que tem muitas frutas cristalizadas." Ferreira
cortou. Viu quatro pares de
olhos misturados na massa.
Azuis e verdes. Ferreira chora. "Sueli. Jose. Kárin. Gilvanka. Adeus." Um panetone com frutas nem sempre é
doce. Que importa? No Natal, reencontra-se sempre o
espírito da família.
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