São Paulo, terça, 23 de dezembro de 1997.




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Tempo de panetone

VOLTAIRE DE SOUZA

Natal. Tempo de panetone. Dona Isaura caprichava. O marido era o Ferreira. Tipo farrista. Passava as noites num bordel em Higienópolis. Lá, tinha quatro preferidas. A Sueli, a Jose, a Kárin e a Gilvanka. Olhos verdes, azuis e pretos. Ceia de Natal. Ferreira exigiu o panetone. Isaura apareceu sorrindo. "Olha que tem muitas frutas cristalizadas." Ferreira cortou. Viu quatro pares de olhos misturados na massa. Azuis e verdes. Ferreira chora. "Sueli. Jose. Kárin. Gilvanka. Adeus." Um panetone com frutas nem sempre é doce. Que importa? No Natal, reencontra-se sempre o espírito da família.



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