São Paulo, sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

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"PALAVRAS DE AMOR"

Drama examina poder misterioso surgido do universo familiar

THIAGO STIVALETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em plena época de Natal, dois filmes abordam com maestria o universo da família: na chave da comédia e de um certo naturalismo, o argentino "Família Rodante", de Pablo Trapero; e no drama, "Palavras de Amor".
Dirigido por David Siegel e Scott McGehee (os mesmos de "Até o Fim"), o filme mostra o cotidiano dos Naumann, uma família como qualquer outra encabeçada pelo professor Saul (Richard Gere). A filha de 11 anos, Eliza, começa a se destacar como campeã nos torneios de soletrar palavras, comuns nos Estados Unidos.
É quando Saul fica obcecado pelo sucesso da menina e resolve concentrar suas expectativas em torná-la campeã nacional. A mãe, Miriam (Juliette Binoche), e o irmão mais velho, Aaron, se ressentem. A partir daí, o drama poderia seguir caminhos equivocados, como tecer uma crítica à obsessão pela competitividade na América. No entanto, mostra personagens complexos que encontram na família seu esteio emocional, mas precisam ao mesmo tempo buscar seus próprios caminhos em busca de diferentes identidades.
Saul poderia ser um pai explicitamente autoritário, mas é um homem que busca o melhor para todos por meio de um certo misticismo judaico. Quer o bem da família, mas acaba por sufocá-la involuntariamente. Miriam vai mostrar um lado frágil no início. Aaron vai se envolver com outra religião. E Eliza vai demonstrar que sua conexão com as palavras ultrapassa a mera competição e atinge uma misteriosa metafísica.
E a família, no fim, revela-se essa entidade poderosa que impõe ao indivíduo muitos de seus limites, ao mesmo tempo em que fornece a força espiritual para enfrentar a vida. Um filme sensível e complexo que merece ser visto.


Palavras de Amor
Bee Season
    
Direção: David Siegel e Scott McGehee
Produção: EUA, 2005
Com: Richard Gere, Juliette Binoche
Quando: a partir de hoje nos cines Espaço Unibanco, Bristol e circuito


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