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"PALAVRAS DE AMOR"
Drama examina poder misterioso surgido do universo familiar
THIAGO STIVALETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em plena época de Natal,
dois filmes abordam com
maestria o universo da família: na
chave da comédia e de um certo
naturalismo, o argentino "Família
Rodante", de Pablo Trapero; e no
drama, "Palavras de Amor".
Dirigido por David Siegel e
Scott McGehee (os mesmos de
"Até o Fim"), o filme mostra o cotidiano dos Naumann, uma família como qualquer outra encabeçada pelo professor Saul (Richard
Gere). A filha de 11 anos, Eliza, começa a se destacar como campeã
nos torneios de soletrar palavras,
comuns nos Estados Unidos.
É quando Saul fica obcecado pelo sucesso da menina e resolve
concentrar suas expectativas em
torná-la campeã nacional. A mãe,
Miriam (Juliette Binoche), e o irmão mais velho, Aaron, se ressentem. A partir daí, o drama poderia
seguir caminhos equivocados, como tecer uma crítica à obsessão
pela competitividade na América.
No entanto, mostra personagens
complexos que encontram na família seu esteio emocional, mas
precisam ao mesmo tempo buscar seus próprios caminhos em
busca de diferentes identidades.
Saul poderia ser um pai explicitamente autoritário, mas é um
homem que busca o melhor para
todos por meio de um certo misticismo judaico. Quer o bem da família, mas acaba por sufocá-la involuntariamente. Miriam vai
mostrar um lado frágil no início.
Aaron vai se envolver com outra
religião. E Eliza vai demonstrar
que sua conexão com as palavras
ultrapassa a mera competição e
atinge uma misteriosa metafísica.
E a família, no fim, revela-se essa entidade poderosa que impõe
ao indivíduo muitos de seus limites, ao mesmo tempo em que fornece a força espiritual para enfrentar a vida. Um filme sensível e
complexo que merece ser visto.
Palavras de Amor
Bee Season
Direção: David Siegel e Scott McGehee
Produção: EUA, 2005
Com: Richard Gere, Juliette Binoche
Quando: a partir de hoje nos cines Espaço Unibanco, Bristol e circuito
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