São Paulo, sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"E SE FOSSE VERDADE..."

Novo filme de Waters ironiza os chamados "grandes temas"

PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA

O que há de sedutor na comédia romântica "E Se Fosse Verdade..." é a irreverência sincera com que alguns assuntos graves são abordados. Não se trata de deboche ou cinismo, mas pura irreverência mesmo, uma certa leveza de espírito combinada a uma forma irônica de encarar as coisas. Forma presente, aliás, em outros filmes do diretor Mark Waters ("Meninas Malvadas", "Sexta-feira Muito Louca").
Waters está se especializando em pegar temas banais e dar-lhes temperos diferentes. No caso de "E Se Fosse Verdade...", tomou como ponto de partida um best-seller sobre o encontro fantástico entre um homem viúvo e o espírito de uma mulher em coma. O livro, do francês Marc Levy, teve seus direitos comprados por Spielberg antes mesmo de ser publicado nos Estados Unidos.
Desenhava-se, portanto, um "Ghost" revisitado, possível arrasa-quarteirão baseado na fórmula sobrenatural + romance com produção de Spielberg. Mas a própria escalação de atores para o par romântico já funciona como um indício do tipo de cinema que Waters quis fazer. Reese Whiterspoon e Mark Ruffalo estão longe de ocupar o topo da pirâmide hollywoodiana do apelo de bilheteria ou do apelo "artístico".
A estratégia adotada para fugir das armadilhas que automaticamente se instalam nesse tipo de projeto foi simples: evitar o excesso de reverência aos "grandes temas" que pontuam a história (morte, espiritualidade e eutanásia) e imprimir ao filme um tom "menor", no bom sentido. As piadas não "poupam" personagens ou temas considerados tabus.
O humor, em Waters, é uma visão de mundo, e não um recurso para aliviar a trama de seus momentos supostamente relevantes.


E se Fosse Verdade...
Just Like Heaven
  

Direção: Mark Waters
Produção: EUA, 2005
Com: Reese Whiterspoon, Mark Ruffalo
Quando: a partir de hoje nos cines Morumbi, Pátio Higienópolis e circuito


Texto Anterior: "Apenas um Beijo": Ken Loach analisa barreiras culturais
Próximo Texto: "Palavras de Amor": Drama examina poder misterioso surgido do universo familiar
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.