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Caixa com 11 CDs reúne inéditos e raros de Caetano
Pacote garimpado pelo pesquisador Charles Gavin, dos Titãs, recupera gravações esquecidas na Universal Music
Versão de "Cinema Olympia" registrada antes da ida do músico ao exílio em Londres faz parte do lançamento, que custa R$ 250, em média
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Duas gravações inéditas há
quase 40 anos, esquecidas nos
arquivos da Universal Music,
são as novidades da caixa de 11
CDs de Caetano Veloso que a
gravadora está lançando. As faixas são "Cinema Olympia",
composta por Caetano para Gal
Costa em 1969, e o "Hino do Esporte Clube Bahia", gravada
naquele ano, antes da ida do artista para o exílio em Londres.
Batizada de "Caixa 1", o produto é uma espécie de abertura
da caixa de 40 CDs com a obra
completa de Caetano lançada
em 2002. Em 2007, outras três
caixas serão lançadas, sempre
com faixas inéditas descobertas pelo baterista e pesquisador
Charles Gavin (Titãs).
Entre as novidades já localizadas estão "Mamãe Natureza", de Rita Lee, nunca lançada por Caetano. E há o artista
acompanhando-se ao violão
em "A Rã", logo após colocar letra na canção de João Donato.
São gravações da primeira fase
dos anos 70 das quais ninguém
tinha conhecimento.
Outra descoberta é a íntegra
do show que Caetano e a irmã
Maria Bethania realizaram no
Canecão na segunda metade
daquela década. O espetáculo
rendeu um LP. Agora surgiu a
temporada inteira, com todos
os shows gravados. O trabalho
deve ser lançado à parte, fora
do esquema das caixas.
A caixa reúne a produção de
Caetano de 1967 a 1974. Tudo já
havia sido lançado em CD anteriormente. De acordo com a
gravadora, o preço nas lojas é
de, em média, R$ 250. A partir
de 2007 os CDs serão vendidos
de forma avulsa.
Em entrevista anteontem na
gravadora, Caetano disse ter ficado surpreso com as faixas garimpadas por Gavin, que o acompanhava. "Fiquei maravilhado. Adorei ouvir novamente
as faixas do compacto com os
Mutantes, gravados na [boate
carioca] Sucata. "Baby" com os
Mutantes é incrível, uma coisa
espetacular", disse.
Pela primeira vez o clássico
"Transa" (1972) trará créditos
para os músicos. Caetano disse
que nunca se conformou em
não ter saído no encarte os nomes dos membros da banda
que o acompanhou nas gravações londrinas: Jards Macalé
(guitarra e violão), Moacyr Albuquerque (baixo), Tutty Moreno (bateria) e Áureo de Souza
(percussão). Caetano nega que
essa tenha sido a razão do rompimento com Macalé. Disse
que na época não era comum
sair os nomes dos músicos nos
discos, embora tivesse reclamado com a gravadora. A briga
foi porque Macalé andou falando mal dele, afirmou.
"Fiquei de mal com ele porque ficou me agredindo pela
imprensa. Também porque naquele Réveillon [de 1996] ele se
meteu de maneira absolutamente imperdoável", disse
Caetano, referindo-se ao show
na orla do Rio que terminou em
polêmica sobre os cachês dos
artistas. Na ocasião, Macalé
apoiou Paulinho da Viola, que
recebeu menos que os colegas
de palco -Caetano, Gilberto
Gil, Chico Buarque, Gal Costa e
Milton Nascimento. Macalé e
Caetano só voltaram a conversar recentemente.
Na coletiva, Caetano elogiou
cantoras. Disse que Marisa
Monte foi a pioneira, Maria Rita é "altamente incrível", destacou Roberta Sá e Mariana Aydar. O compositor, 64, aproveitou para criticar o caderno Folhateen, da Folha. "Por que
não tem matéria grande sobre
Roberta Sá, sobre Mariana Aydar? Não sei. Acho doente. [...]
O Brasil está cheio de adolescente que ouve música brasileira. [...] Mas tem algo estranho
nisso. Um negócio estranho é a
mania do brasileiro achar que
você simplesmente despreza
sua coisa e acha que não vale."
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