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RELÂMPAGOS
A sessão
JOÃO GILBERTO NOLL
O homem cheirando a
pastel pergunta o horário da
sessão. Olha os cartazes. Um
filme sem pessoas. Manchas
fazem os personagens. Alguns borrões parecem se
beijar. Outros, lutar. Pergunta de novo o horário. Sua
memória hoje apropria-se
sozinha e sovina dos registros. Ele vê que a moça da bilheteria já não passa também de mancha informe.
Aliás, tudo. As mãos dele
lembram cortinas se desfazendo em teias. A nota de dinheiro, verdadeira enguia.
No cinema, ele percebe. Participa pela primeira vez do
enredo de um filme. Seu braço esverdeado funde-se a
outro, violeta.
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