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INTERNET
Pesquisadora da Universidade de Stanford compila casos mais bizarros no www.darwinawards.com
Site dá prêmio a mortes estúpidas
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
especial para a Folha, em San Francisco
É pior que morrer. É morrer
passando ridículo.
O site www.darwinawards.com,
sucesso no circuito alternativo
americano, celebra as mais bizarras passagens desta para melhor,
provocadas unicamente pela estupidez humana. São casos do
mundo todo, rigorosamente
compilados e verificados por uma
cientista da prestigiosa Universidade de Stanford (Califórnia,
Costa Oeste dos EUA).
Entre as histórias, está a do pescador ucraniano que decidiu eletrocutar os peixes, puxando cabos
de alta tensão para dentro de um
rio. Funcionou, mas ele se esqueceu de retirar os fios antes de mergulhar em busca do resultado da
pescaria...
Ou a do polonês Krystof Azninski, que depois de beber com
os amigos resolveu provar que era
o maior machão da Europa. Um
dos colegas beberrões pegou uma
serra elétrica e cortou um pedaço
do pé, para mostrar coragem.
Sem querer ficar atrás, Azninsky
tomou a serra, gritando: "Ah, é?
Então veja isso". E arrancou a
própria cabeça.
Anualmente, as mortes mais
grotescas são "premiadas", e por
isso o site traz no nome a palavra
"awards" ("prêmios", em inglês).
A alusão ao pai da teoria da evolução das espécies, Charles Darwin
(1809-1882), é explicada pela misteriosa pesquisadora de Stanford:
"O prêmio honra indivíduos que
protegem nossa herança genética
ao sacrificarem, de modo extremo, a própria vida. Praticando a
auto-eliminação de maneira extremamente idiota, melhoram as
chances de nossa espécie sobreviver a longo prazo".
A cientista se mantém anônima.
Sobre ela, sabe-se apenas que formou-se em biologia molecular
em outra universidade da região,
a da Califórnia, em Berkeley, antes de mudar para Stanford. No
site, chama a si própria de "Darwin". Não se deixa fotografar e
responde a pouquíssimos pedidos de entrevistas.
Recentemente, disse sim para a
revista on line "Salon" (www.salon.com), seguidamente premiada como a melhor da Internet.
Na entrevista à "Salon", aplicou
seus conhecimentos biológicos
para explicar por que algumas
pessoas perdem a vida de maneira insana, mas outras pensam um
pouco antes de fazer bobagem.
"Leva cerca de 20 milissegundos
para uma sinapse (conexão entre
duas células nervosas) disparar, e
a atividade de milhões de neurônios cria um pensamento. No
curso de uns poucos segundos,
seu cérebro pode tomar milhares
de decisões. Mas pode ser que, para algumas pessoas, a transmissão
sináptica leve mais tempo para
passar do cérebro para a medula
espinhal e daí pra os músculos,
provocando uma ação. E, se isso
demora mais, então a pessoa tem
mais tempo para imaginar possíveis desvantagens e interromper a
ação antes que os músculos se
movam de fato. Fazemos muitas
coisas por impulso, sem pensar."
A preocupação com método, na
medida do possível "científico", é
constante nos "Darwin Awards".
Por exemplo: só ganham lugar
nas compilações anuais (a parte
"séria" do site) os casos que puderam ser investigados e atribuídos
a uma fonte específica, como um
jornal ou revista.
Casos do tipo "ouvi dizer", ou
que se assemelham a lendas urbanas, são registrados numa seção
separada, muitas vezes seguidos
de comentários enfatizando a baixa credibilidade dos relatos.
Para "Darwin", várias das mortes descritas no site mostram que
existe uma fronteira tênue entre a
criatividade e o mais absoluto
desleixo. "Se a pessoa é negligente
ao avaliar as consequências mortais do risco que está correndo,
então só a sorte pode salvá-la de
um desfecho vergonhoso."
Como exemplo, cita o pioneiro
da pesquisa com eletricidade,
Benjamin Franklin (1706-1790),
que provou a natureza elétrica
dos relâmpagos usando uma chave metálica presa a uma pipa. "A
sorte salvou um inovador de um
desastre", avalia "Darwin".
É possível acessar, pela Internet,
os ganhadores dos "Darwin
Awards" desde 1992, além de vários casos "não-premiados", mas
nem por isso menos engraçados.
Os vencedores de 1999 foram
palestinos confusos pelo horário
de verão, que já tinha acabado em
Israel (onde eles iriam cometer
um atentado), mas ainda vigorava nos territórios sob administração da OLP. Resultado: duas
bombas coordenadas explodiram
uma hora antes do previsto, matando três terroristas palestinos.
Para quem só enxerga morbidez nas compilações dos "Darwin
Awards", o site traz a seguinte frase: "Não tenha vergonha de rir da
desgraça dos outros. Só o cérebro
humano consegue perceber o humor, o que nos diferencia de outros seres. Piadas sempre envolvem o choque surpreendente entre a realidade e a expectativa".
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