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Centralização pode ameaçar diversidade
IVAN FINOTTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A primeira desconfiança que
surge a respeito da criação de uma
secretaria federal centralizando
todo o dinheiro para patrocínio
das estatais é se a política de escolha dos projetos continuaria diversificada.
"Não vejo problema em centralizar, se houver transparência",
afirma a produtora Marlene Salgado, que teve o projeto teatral
Pano de Roda patrocinado pela
Petrobras. "Mas, centralizando,
temos que ver que política é essa
que vai se estabelecer. Que tipo de
projeto será escolhido? É só aquele já consagrado, porque assim o
governo terá maior retorno de
marketing?".
A produtora diz que é constantemente questionada pelos diretores de marketing das empresas
se os atores de seus projetos já
participaram de trabalhos na TV.
"Por isso, as pessoas envolvidas
na seleção têm que estar muito inteiradas da situação, saber como
funciona a forma de produção em
diversas regiões do país", afirma.
O produtor de cinema Fabiano
Gullane alerta para um possível
retrocesso: "Agora que o cinema
brasileiro está funcionando, mexer no modelo pode atrapalhar. A
menos que a idéia seja extremamente bem realizada".
Gullane trabalhou na captação
de projetos como "Bicho de Sete
Cabeças", "Carandiru" e "Nina".
Para ele, as estatais cumprem o
seu papel. "As estatais são mais
democráticas que as privadas. Há
empresas privadas que apóiam
projeto de um só perfil, enquanto
as estatais abrem muito mais o leque. A BR, Eletrobrás, BNDES,
Correios, Furnas estão constantemente investindo em produções."
"Hoje, existem comissões nas
estatais que, mal ou bem, fazem
algum tipo de avaliação. Cada um
tem seus critérios e por isso mesmo mais projetos distintos são
atendidos", afirma Gullane. Essa
diversidade, portanto, poderia sofrer com a centralização.
Para dois dos captadores de
projetos recém-aprovados, a criação da secretaria de patrocínio facilitaria a vida. "Acho que seria
muito mais fácil para captar. Hoje, temos que bater de porta em
porta, vender a idéia, mostrar os
benefícios. Isso facilitaria bastante, diz Dilson Barros Maciel, gerente-nacional da ONG Moradia
e Cidadania. Beto Carrero pensa
igual: "Acho uma tremenda de
uma idéia. Acho que tem que haver uma comissão para julgar e só
os projetos que realmente merecem devem ganhar".
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