São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

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Download antecipa chegada de CDs

Símbolo dessa tendência é a banda The Good, The Bad and The Queen, cujo disco será lançado no país apenas digitalmente

Gravadoras apostam nas vendas on-line de álbuns internacionais, como o da cantora inglesa Amy Winehouse


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

O disco do grupo The Good, The Bad and The Queen, banda que tem entre seus integrantes Damon Albarn (Blur, Gorillaz) e Paul Simonon (The Clash), vai sair no Brasil. Mas não em CD. O álbum será o primeiro de um artista pop de porte a ganhar lançamento exclusivamente no formato download.
O fato simboliza uma mudança de direção na estratégia comercial das gravadoras brasileiras, que historicamente se mostravam resistentes ao mercado digital de música.
Superbanda formada por Albarn (vocal), Simonon (baixo), Simon Tong (ex-Verve; guitarra) e Tony Allen (Fela Kuti; bateria), o Good, The Bad and The Queen já tem nos portais brasileiros de venda de download (UOL Megastore, Sonora e iMúsica) seu single "Herculean", com três faixas. O álbum, homônimo, que saiu em CD anteontem na Europa, deve estar disponível para download no Brasil em fevereiro.
A decisão da EMI em lançar no Brasil o álbum apenas para download é um passo adiante em relação ao que as gravadoras vêm fazendo há alguns meses: antecipar o lançamento de CDs com a venda on-line. "Quase todos os lançamentos serão dessa forma", afirma Marcia Elena, gerente da área digital da Universal, que, em 2006, colocou "Cê", de Caetano Veloso, para vender no UOL Megastore uma semana antes de o CD chegar às lojas.
Exemplo mais recente da Universal é o elogiado "Back to Black", o segundo disco da inglesa Amy Winehouse, que já está nos portais -no formato CD, apenas em fevereiro.
Segundo Elena, esse artifício complementa, não atrapalha, as vendas no formato tradicional. "A expectativa é que no futuro próximo o mercado migre totalmente para o digital."
Esse futuro deve ser relativizado. Para o mercado europeu e norte-americano, está bem mais próximo. Recente relatório da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI) informa que o mercado on-line de canções movimentou US$ 2 bilhões em 2006, com 795 milhões de músicas baixadas (um aumento de 89% em relação aos números de 2005).

Praticidade
Uma das razões que favorece o mercado on-line em relação ao CD é a praticidade de sua comercialização. "A distribuição do conteúdo é mais fácil. Não é preciso esperar a fabricação do disco para começar a vendê-lo", pontua Beny Goldenberg, gerente de produto do Sonora.
"As gravadoras têm investido nesse segmento", diz Gil Torquato, diretor corporativo do UOL. "Às vezes antecipamos [o lançamento de um disco] em 15 dias, às vezes em um mês. Todo o mundo ainda está tateando esse mercado, tentando aprender como funciona. O mundo digital ainda é um laboratório para as gravadoras."

Sem espaço na vitrine
Para Marcia Elena, o mercado já começa a viver situação curiosa: falta de espaço para divulgação de discos.
"A nossa intenção é privilegiar o lançamento digital com todos os novos álbuns. Mas às vezes não há espaço bom nos portais para fazer esses lançamentos. É como no varejo tradicional, quando não se encontra espaço na vitrine de uma loja para colocar os melhores produtos. Mas os lançamentos internacionais com certeza chegarão antes por download."


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