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Download antecipa chegada de CDs
Símbolo dessa tendência é a banda The Good, The Bad and The Queen, cujo disco será lançado no país apenas digitalmente
Gravadoras apostam nas vendas on-line de álbuns internacionais, como
o da cantora inglesa Amy Winehouse
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
O disco do grupo The Good,
The Bad and The Queen, banda
que tem entre seus integrantes
Damon Albarn (Blur, Gorillaz)
e Paul Simonon (The Clash),
vai sair no Brasil. Mas não em
CD. O álbum será o primeiro de
um artista pop de porte a ganhar lançamento exclusivamente no formato download.
O fato simboliza uma mudança de direção na estratégia
comercial das gravadoras brasileiras, que historicamente se
mostravam resistentes ao mercado digital de música.
Superbanda formada por Albarn (vocal), Simonon (baixo),
Simon Tong (ex-Verve; guitarra) e Tony Allen (Fela Kuti; bateria), o Good, The Bad and The
Queen já tem nos portais brasileiros de venda de download
(UOL Megastore, Sonora e
iMúsica) seu single "Herculean", com três faixas. O álbum,
homônimo, que saiu em CD anteontem na Europa, deve estar
disponível para download no
Brasil em fevereiro.
A decisão da EMI em lançar
no Brasil o álbum apenas para
download é um passo adiante
em relação ao que as gravadoras vêm fazendo há alguns meses: antecipar o lançamento de
CDs com a venda on-line.
"Quase todos os lançamentos
serão dessa forma", afirma
Marcia Elena, gerente da área
digital da Universal, que, em
2006, colocou "Cê", de Caetano
Veloso, para vender no UOL
Megastore uma semana antes
de o CD chegar às lojas.
Exemplo mais recente da
Universal é o elogiado "Back to
Black", o segundo disco da inglesa Amy Winehouse, que já
está nos portais -no formato
CD, apenas em fevereiro.
Segundo Elena, esse artifício
complementa, não atrapalha,
as vendas no formato tradicional. "A expectativa é que no futuro próximo o mercado migre
totalmente para o digital."
Esse futuro deve ser relativizado. Para o mercado europeu
e norte-americano, está bem
mais próximo. Recente relatório da Federação Internacional
da Indústria Fonográfica (IFPI) informa que o mercado on-line de canções movimentou
US$ 2 bilhões em 2006, com
795 milhões de músicas baixadas (um aumento de 89% em
relação aos números de 2005).
Praticidade
Uma das razões que favorece
o mercado on-line em relação
ao CD é a praticidade de sua comercialização. "A distribuição
do conteúdo é mais fácil. Não é
preciso esperar a fabricação do
disco para começar a vendê-lo",
pontua Beny Goldenberg, gerente de produto do Sonora.
"As gravadoras têm investido
nesse segmento", diz Gil Torquato, diretor corporativo do
UOL. "Às vezes antecipamos [o
lançamento de um disco] em 15
dias, às vezes em um mês. Todo
o mundo ainda está tateando
esse mercado, tentando aprender como funciona. O mundo
digital ainda é um laboratório
para as gravadoras."
Sem espaço na vitrine
Para Marcia Elena, o mercado já começa a viver situação
curiosa: falta de espaço para divulgação de discos.
"A nossa intenção é privilegiar o lançamento digital com
todos os novos álbuns. Mas às
vezes não há espaço bom nos
portais para fazer esses lançamentos. É como no varejo tradicional, quando não se encontra espaço na vitrine de uma loja para colocar os melhores
produtos. Mas os lançamentos
internacionais com certeza
chegarão antes por download."
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