São Paulo, quinta-feira, 24 de janeiro de 2008 |
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O romeno que surpreendeu Cannes Cineasta Cristian Mungiu, vencedor da Palma de Ouro com seu terceiro longa, "4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias", drama impactante acerca de um aborto ilegal, fala à Folha sobre o filme, que estréia no Brasil amanhã
SILVANA ARANTES DA REPORTAGEM LOCAL O cineasta romeno Cristian Mungiu diz que, desde que venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes, em maio passado, com o drama sobre o aborto "4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias", não consegue ter "idéias criativas". Motivo: "Estou viajando sem parar e, para ter idéias, é preciso ficar um pouco quieto". Mungiu falou à Folha, por telefone, do Japão, um dos 60 países onde o filme está sendo lançado. Aqui, estréia amanhã. Apesar do interesse mundial que a vitória em Cannes naturalmente despertou para o filme de Mungiu e, por extensão, para a ainda frágil cinematografia da Romênia, a Academia de Hollywood lhe negou uma vaga na disputa ao Oscar de filme estrangeiro. A recusa "doeu", confessa o cineasta, que recebera seu prêmio em Cannes como uma vitória dos "pequenos cineastas, dos pequenos países" sobre os filmes com " grandes orçamentos e grandes estrelas". FOLHA - Ao receber a Palma de Ouro, o sr. disse que o prêmio era uma "boa notícia para os pequenos cineastas, dos pequenos países", porque demonstrava não ser mais necessário "fazer filmes com grandes orçamentos e grandes estrelas" para atingir as platéias. Isso quer dizer que o sr. não tem intenção de trabalhar em Hollywood? Mudou de idéia desde então? CRISTIAN MUNGIU - Depois de um filme, você nunca sabe exatamente o que vai fazer. Minha preocupação é encontrar outra história que eu queira contar, que tenha a ver comigo. Por isso, acho que será uma história romena. Acho que os diretores deveriam se dedicar às histórias que saibam contar melhor. Não tenho nada contra filmes com atores famosos, mas, no caso deste meu filme, sabia que podia prescindir disso. FOLHA - Considerando que sua geração não encarou o aborto por uma
perspectiva moral, conforme o sr.
declara, a experiência pessoal na
qual baseou o roteiro de "4 Meses, 3
Semanas e 2 Dias" foi perturbadora
no momento em que ocorreu?
FOLHA - Que relação tem essa experiência pessoal com o panorama
político da Romênia socialista, tema
de seu novo projeto?
FOLHA - O sr. pretendeu fazer um
filme antiaborto?
FOLHA - Parte da crítica desaprova
sua opção de exibir a imagem do feto. Por que optou por ser explícito?
FOLHA - A Academia de Artes e
Ciências Cinematográficas de Hollywood rejeitou a candidatura de "4
Meses, 3 Semanas e 2 Dias" ao Oscar
de melhor filme estrangeiro. Doeu?
FOLHA - O sr. costumava dirigir comerciais na Romênia. Ainda faz esse
tipo de trabalho?
FOLHA - Quais eram os filmes que o
sr. via e detestava?
FOLHA - Qual é sua relação com o
cinema brasileiro?
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