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Chinês autêntico ignora o português
Maria do Carmo/Folha Imagem
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Bem servidas, porções do Chi Fu trazem camarões que variam do pequeno ao gigante |
COLUNISTA DA FOLHA
Obter as fotos desta reportagem não foi fácil. E não falo
de problemas técnicos. A dificuldade foi conseguir se comunicar
com alguns dos responsáveis pelos restaurantes para agendar a visita do fotógrafo, já que a maioria
deles não fala mais do que três palavras em português.
Ante o desespero dos fotógrafos, temerosos de simplesmente
aparecer ali com uma câmera em
riste -e ademais, como capturar
as fotos dos pratos que eu havia
sugerido? Ficando de campana
até que algum incauto pedisse?-,
resolvi apelar para a diplomacia.
Literalmente. Procurei a Câmara
Brasil-China de Desenvolvimento
Econômico em São Paulo pedindo que eles nos ajudassem com
um tradutor. E foi somente após a
intermediação de um intérprete
que as fotos foram produzidas.
Para mim, essa dificuldade na
comunicação não foi surpresa.
Como cliente, tentei entender a
diferença entre as marcas dos diversos destilados de arroz chinês à
venda em um dos restaurantes.
Sentindo-me em solo chinês,
apontava para uma garrafa e indagava por que aquela era diferente das demais, e assim por
diante. A resposta, sempre a mesma, vinha de maneira sucinta:
"cachaça". "Mas essa aqui não seria mais alcoólica?", insistia. "Cachaça." "E por que essa é diferente? Vem de outra região?", tentei
novamente. "Cachaça!". "Ok, sirva-me uma cerveja", desisti.
Outro desencontro aconteceu
quando um grupo de gourmets
capitaneado pelo sushiman Jun
Sakamoto esteve no Chi Fu para
um jantar em grande estilo. Como
esses restaurantes têm cerveja, saquê, uísque, mas não têm vinho, a
trupe resolveu se prevenir. Levou
vinhos brancos da Bourgogne e
taças de cristal austríaco. Tudo
em vão, já que o Chi Fu não tinha
saca-rolhas...
(JM)
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