São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2005

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COMIDA

A nova e a velha Espanha

COLUNISTA DA FOLHA

A Espanha tornou-se um intenso foco de curiosidade dos gourmets. Tanto sua cozinha tradicional (berço das revolucionárias experiências atuais) quanto, especialmente, sua moderna culinária.
Foi este o primeiro atrativo do restaurante Toro, quando inaugurado, há um ano: um restaurante espanhol que não sonegava a óbvia paella a seus clientes, mas trazia também vieses contemporâneos. Depois de um período fechado, a casa agora reabre com novo comando na cozinha.
O chef Joël Ruiz, brasileiro que fez um bom trabalho na casa, foi substituído por um time trazido da Espanha. São todos jovens, mas já passaram por algumas das casas de prestígio da atual cozinha espanhola. Javier Miramon, 29, trabalhou com Santi Santamaria (no Santceloni, restaurante que o chef, famoso por seu restaurante Can Fabes, na Catalunha, dirige em Madri). Os outros estudaram cozinha na Catalunha: Luis Meros, 27, trabalhou no La Broche (do chef Sergi Arola, em Madri) e Julian Gil, 28, foi chef do Reno.
A idade e a origem dos novos chefs não significam que o Toro tenha adotado o que há de mais vanguardista na Espanha. Aliás, como na sua fase anterior (ele abriu em março de 2004), o restaurante é indulgente com quem prefere a tradicional cozinha espanhola: paella neles! De frutos do mar e outros pratos de arroz (com lulas em sua tinta, por exemplo), além de clássicos como o bacalhau al pil pil (com emulsão de azeite e alho).
No capítulo das tapas, há também itens tradicionais. É pena que, mais uma vez, as tapas não possam ser provadas como na Espanha, por unidade, facilitando a degustação acompanhada de vinho branco espanhol da Rueda. Aqui, elas vêm em porções: os deliciosos pimentões de piquillo recheados com brandada de bacalhau, o polvo à feira (temperado com páprica), os mexilhões ao vinagrete de Jerez.
Nos pratos principais, o destaque vem do mar. Os chipirones (lulas pequenas) são acompanhadas com molho de cebola. A posta de robalo com molho de salsinha vem acompanhado com vieiras mais duras do que tenras. Nas sobremesas, há uma singela cortesia aos brasileiros (Quijote y Dulcinea: queijo manchego com goiabada) e a rabanada com morangos macerados ao açafrão -herança do antigo chef que, a bem da verdade, a fazia mais delicada.
Considerando que o proprietário nem é do ramo -é um publicitário, Tomás Lorente, 43-, imagino que ele deva muito à irmã Pilar, 46, e à mulher Daniela Hispagnol, 28, que carregam o piano e fazem do Toro um lugar a ser visitado.
(JOSIMAR MELO)


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