|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COMIDA
A nova e a velha Espanha
COLUNISTA DA FOLHA
A Espanha tornou-se um intenso foco de curiosidade
dos gourmets. Tanto sua cozinha
tradicional (berço das revolucionárias experiências atuais) quanto, especialmente, sua moderna
culinária.
Foi este o primeiro atrativo do
restaurante Toro, quando inaugurado, há um ano: um restaurante espanhol que não sonegava
a óbvia paella a seus clientes, mas
trazia também vieses contemporâneos. Depois de um período fechado, a casa agora reabre com
novo comando na cozinha.
O chef Joël Ruiz, brasileiro que
fez um bom trabalho na casa, foi
substituído por um time trazido
da Espanha. São todos jovens,
mas já passaram por algumas das
casas de prestígio da atual cozinha
espanhola. Javier Miramon, 29,
trabalhou com Santi Santamaria
(no Santceloni, restaurante que o
chef, famoso por seu restaurante
Can Fabes, na Catalunha, dirige
em Madri). Os outros estudaram
cozinha na Catalunha: Luis Meros, 27, trabalhou no La Broche
(do chef Sergi Arola, em Madri) e
Julian Gil, 28, foi chef do Reno.
A idade e a origem dos novos
chefs não significam que o Toro
tenha adotado o que há de mais
vanguardista na Espanha. Aliás,
como na sua fase anterior (ele
abriu em março de 2004), o restaurante é indulgente com quem
prefere a tradicional cozinha espanhola: paella neles! De frutos
do mar e outros pratos de arroz
(com lulas em sua tinta, por
exemplo), além de clássicos como
o bacalhau al pil pil (com emulsão
de azeite e alho).
No capítulo das tapas, há também itens tradicionais. É pena
que, mais uma vez, as tapas não
possam ser provadas como na Espanha, por unidade, facilitando a
degustação acompanhada de vinho branco espanhol da Rueda.
Aqui, elas vêm em porções: os deliciosos pimentões de piquillo recheados com brandada de bacalhau, o polvo à feira (temperado
com páprica), os mexilhões ao vinagrete de Jerez.
Nos pratos principais, o destaque vem do mar. Os chipirones
(lulas pequenas) são acompanhadas com molho de cebola. A posta
de robalo com molho de salsinha
vem acompanhado com vieiras
mais duras do que tenras. Nas sobremesas, há uma singela cortesia
aos brasileiros (Quijote y Dulcinea: queijo manchego com goiabada) e a rabanada com morangos macerados ao açafrão -herança do antigo chef que, a bem
da verdade, a fazia mais delicada.
Considerando que o proprietário nem é do ramo -é um publicitário, Tomás Lorente, 43-,
imagino que ele deva muito à irmã Pilar, 46, e à mulher Daniela
Hispagnol, 28, que carregam o
piano e fazem do Toro um lugar a
ser visitado.
(JOSIMAR MELO)
Texto Anterior: Chinês autêntico ignora o português Próximo Texto: Bom e barato / até R$ 30 por pessoa: Loja de carnes esconde churrascaria Índice
|