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CRÍTICA
Haynes filma pesadelo da assepsia
CÁSSIO STARLING CARLOS
Editor-adjunto do Mais!
O que aconteceria se uma dona-de-casa instalada em um oásis
de conforto e segurança absolutos
desenvolvesse uma aversão a suas
conquistas? É sobre essa hipótese
perversa que Todd Haynes constrói seu segundo filme, "A Salvo", não exibido nos cinemas brasileiros e lançado agora em vídeo.
Em seu filme de estréia, "Veneno", Haynes elaborou um poema
de uma beleza furiosa, levando para as telas o imaginário de Jean Genet e seu decadentismo homossexual. Em "A Salvo", Haynes investe numa beleza abstrata -absolutamente adequada ao pesadelo da assepsia que ele põe em cena.
Sua referência mais direta é o
"Deserto Vermelho" de Antonioni, aqui refilmado sob disfarce.
Julianne Moore -impecável-
faz o papel de Carol White, uma
mulher que conquistou os sonhos
básicos: marido dedicado, casa luxuosa, amigas fiéis.
Mesmo assim ela sofre. O sexo
torna-se um suplício. A compra de
um sofá novo e caro que é entregue
em cor trocada pode lhe causar
uma crise de nervos. Até beber um
copo de leite pode causar nela uma
parada respiratória.
Só a descoberta de uma comunidade alternativa isolada de todos
os perigos vai resolver seu problema. Ali convivem pessoas que desenvolveram uma estranha forma
de "alergia à civilização".
Mesmo que a sinopse de "A Salvo" sugira uma espécie de manifesto do Greenpeace, Haynes passa
longe do discurso ambientalista.
"A Salvo" é um poema luminoso
sobre as forças obscuras sempre
prontas a implodir o oásis do
bem-estar.
Filme: A Salvo
Produção: EUA, 1995, 111 min.
Direção: Todd Haynes
Elenco: Julianne Moore, Peter Friedman
Lançamento: Abril Vídeo (tel.
011/837-4542)
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