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Escritor quer destacar não-acadêmicos
ALEXANDRE MARON
da Sucursal do Rio
Carlos Heitor Cony recebeu
do acadêmico Antonio Olinto a
notícia oficial de que vencera a
eleição para a ABL às 16h29 de
ontem. Estava sentado em uma
poltrona no escritório de seu
apartamento na Lagoa, na zona
sul do Rio, tentando aparentar
tranquilidade.
Enquanto esperava, Cony pediu que as linhas telefônicas de
sua casa ficassem livres para receber a "possível notícia da vitória". Depois de Olinto, foi a vez
de Arnaldo Niskier telefonar para dar-lhe os parabéns.
Logo em seguida sua mulher,
Beatriz Lajta Cony, o abraçou.
Contido, sorriu e foi se trocar
para receber os acadêmicos que
deveriam chegar na próxima
meia hora. "Costumo usar tênis,
ser mais informal, mas, neste
caso, preciso recebê-los de sapatos", comentou.
Cony já esperava vencer. Durante todo o dia, que ele tentou
fazer parecer o mais normal
possível, já fizera alguns contatos por telefone com acadêmicos e chegara a contar 22 votos.
"Eu até esperava vencer, mas
não pensei que conseguiria essa
diferença de 24 votos a 12. Estou
satisfeito com esse resultado."
Já vestido, o novo acadêmico
ligou às 16h47 para seu competidor, Leodegário de Azevedo Filho, que lhe enviara flores naquela tarde. "Leodegário, você
foi um gênio. Elegantíssimo.
Obrigado pelas flores", disse.
Às 17h, Beth Niskier, mulher
de Arnaldo Niskier, chegou para cumprimentá-lo. Pouco depois, chegou o primeiro acadêmico, Alberto Venâncio Filho. A
ele se seguiram o presidente da
ABL, Tarcísio Padilha, Josué
Montello, Evandro Lins e Silva,
Olinto e Niskier, entre outros.
Impossibilitado de comparecer,
Celso Furtado ligou de Paris.
Cony ainda não sabe para
quando marcará a data de sua
posse ou quem fará o discurso
de saudação. "Só pensarei nisso
amanhã. Preciso combinar com
minha filha, que disse que gostaria de estar presente. Ela mora
e trabalha em Roma e precisa
encontrar uma data."
O novo acadêmico prometeu
que, na ABL, procuraria reforçar o culto aos autores brasileiros não-acadêmicos. "Há diversos grandes escritores que não
foram da Academia, por diversos motivos, entre eles uma
eventual falta de oportunidade.
Posso citar Carlos Drummond
de Andrade, Gilberto Freyre e
Erico Verissimo, por exemplo."
Até o fim deste ano, Cony espera concluir a biografia de José
Lins do Rego. Atualmente, está
na fase de pesquisa. "Não vou
escrever uma biografia cheia de
notas de rodapé, mas também
não será um trabalho romanceado", conclui.
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