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Cony é o novo membro da Academia Brasileira de Letras
CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio
O escritor Carlos Heitor Cony,
74, colunista e membro do Conselho Editorial da Folha, é o
mais novo imortal -como são
conhecidos os membros da
ABL (Academia Brasileira de
Letras). Ele passa a ocupar a cadeira número 3, cujo patrono é
o jornalista Artur de Oliveira.
Cony obteve 24 dos 37 votos
em disputa. Seu principal concorrente, o filólogo Leodegário
de Azevedo Filho, 73, conseguiu
12 votos. Os dois outros candidatos à vaga -Waldemar Cláudio dos Santos e Antônio Lopes
de Sá- não receberam votos.
A diferença poderia ter sido
maior, se um voto para Cony
não tivesse sido anulado por
uma "distração" do votante, na
avaliação de acadêmicos.
O cardeal d. Lucas Moreira
Neves fez uma dedicatória a
Cony e assinou seu voto, enviado por carta. Como os votos são
secretos, os acadêmicos decidiram anular o de d. Lucas, que
enviou sua carta do Vaticano,
onde exerce a função de prefeito
da Congregação para os Bispos.
Cony foi avisado de sua vitória
pelo acadêmico Antonio Olinto,
um dos principais articuladores
de sua campanha. Olinto foi o
primeiro a sair da sala onde foi
feita a votação. Ligou imediatamente para o amigo, que aguardava o resultado em sua casa, na
Lagoa (zona sul do Rio).
A data da posse de Cony ainda
não foi marcada. Cabe ao novo
imortal sugerir a data em que
pretende ser empossado, além
de escolher o acadêmico que fará o discurso de saudação. De
acordo com o regimento da instituição, o eleito tem um prazo
de um ano para tomar posse.
A sessão que elegeu Cony foi
rápida. Em 28 minutos, os
imortais escolheram o sucessor
do escritor e jornalista Herberto
Sales, morto em agosto do ano
passado. Logo após, um grupo
seguiu para a casa de Cony para
comemorar a vitória.
Apenas sete acadêmicos votaram durante a sessão, apesar de
17 terem comparecido à instituição. O regimento da ABL
permite que, mesmo presente à
sessão, o imortal vote por carta.
"Muitos não têm certeza se
poderão estar na sessão, então,
preventivamente, mandam seus
votos por carta. Foi o que aconteceu com dez dos acadêmicos
presentes", explicou Tarcísio
Padilha, presidente da ABL.
Para o imortal Cândido Mendes de Almeida, a eleição de
Cony "representa o reconhecimento de um escritor antológico do Brasil contemporâneo".
Na próxima quinta-feira haverá outra eleição na Academia.
Os acadêmicos se reunirão para
escolher o sucessor de João Cabral de Melo Neto, morto em
outubro.
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