São Paulo, sexta-feira, 24 de março de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cony é o novo membro da Academia Brasileira de Letras

CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio

O escritor Carlos Heitor Cony, 74, colunista e membro do Conselho Editorial da Folha, é o mais novo imortal -como são conhecidos os membros da ABL (Academia Brasileira de Letras). Ele passa a ocupar a cadeira número 3, cujo patrono é o jornalista Artur de Oliveira.
Cony obteve 24 dos 37 votos em disputa. Seu principal concorrente, o filólogo Leodegário de Azevedo Filho, 73, conseguiu 12 votos. Os dois outros candidatos à vaga -Waldemar Cláudio dos Santos e Antônio Lopes de Sá- não receberam votos.
A diferença poderia ter sido maior, se um voto para Cony não tivesse sido anulado por uma "distração" do votante, na avaliação de acadêmicos.
O cardeal d. Lucas Moreira Neves fez uma dedicatória a Cony e assinou seu voto, enviado por carta. Como os votos são secretos, os acadêmicos decidiram anular o de d. Lucas, que enviou sua carta do Vaticano, onde exerce a função de prefeito da Congregação para os Bispos.
Cony foi avisado de sua vitória pelo acadêmico Antonio Olinto, um dos principais articuladores de sua campanha. Olinto foi o primeiro a sair da sala onde foi feita a votação. Ligou imediatamente para o amigo, que aguardava o resultado em sua casa, na Lagoa (zona sul do Rio).
A data da posse de Cony ainda não foi marcada. Cabe ao novo imortal sugerir a data em que pretende ser empossado, além de escolher o acadêmico que fará o discurso de saudação. De acordo com o regimento da instituição, o eleito tem um prazo de um ano para tomar posse.
A sessão que elegeu Cony foi rápida. Em 28 minutos, os imortais escolheram o sucessor do escritor e jornalista Herberto Sales, morto em agosto do ano passado. Logo após, um grupo seguiu para a casa de Cony para comemorar a vitória.
Apenas sete acadêmicos votaram durante a sessão, apesar de 17 terem comparecido à instituição. O regimento da ABL permite que, mesmo presente à sessão, o imortal vote por carta.
"Muitos não têm certeza se poderão estar na sessão, então, preventivamente, mandam seus votos por carta. Foi o que aconteceu com dez dos acadêmicos presentes", explicou Tarcísio Padilha, presidente da ABL.
Para o imortal Cândido Mendes de Almeida, a eleição de Cony "representa o reconhecimento de um escritor antológico do Brasil contemporâneo".
Na próxima quinta-feira haverá outra eleição na Academia. Os acadêmicos se reunirão para escolher o sucessor de João Cabral de Melo Neto, morto em outubro.


Texto Anterior: Stoklos recria vozes para temas disparatados
Próximo Texto: Escritor quer destacar não-acadêmicos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.