CRAIG S. SMITH
DO "NEW YORK TIMES"

O cineasta Zhang Yimou, de Hong Kong, está espantado com a surpreendente reação do público americano a seu épico "Herói", que quebrou recordes de bilheteria no caso de filmes asiáticos lançados nos EUA. "Nunca imaginei que o filme pudesse ser tão popular", disse o diretor pelo telefone, em Londres.
Ele atribui o crédito disso a outro filme que quase impediu o seu de ser feito e, em seguida, contribuiu para adiar em muito tempo seu lançamento nos Estados Unidos -"O Tigre e o Dragão", de Ang Lee- e também à divulgação inteligente feita pela distribuidora de "Herói", a Miramax.
"O Tigre e o Dragão" criou um público para esse tipo de filme", disse Zhang em mandarim, falando no quase resmungo baixo que é seu tom de voz característico.
Conhecido como criador de dramas intimistas e intensos como "Lanternas Vermelhas", Zhang começou a escrever o roteiro de "Herói" no final dos anos 90, quando o cinema para o grande público começou a se abrir para um dos amores de toda a sua vida, histórias de artes marciais.
O diretor contou que, quando "O Tigre e o Dragão" chegou aos cinemas, em 2000, ele quase desistiu de seu roteiro, temendo ser acusado de pegar carona no barco de Ang Lee. Mas, quando decidiu levar seu projeto adiante, ele descobriu que o sucesso do filme de Lee fez com que fosse mais fácil levantar dinheiro para sua própria produção.
A Miramax cobriu quase dois terços dos US$ 30 milhões (cerca de R$ 81 milhões) de custo do filme. Seguindo o conselho dela, Zhang cortou 20 minutos da produção para acelerar o ritmo e torná-la mais digerível para o público norte-americano.
"Eu queria que "Herói" desse certo nos EUA, então concordei", explicou o diretor. "Procurei transmitir temas que pudessem ser compreendidos por uma platéia ocidental." A versão sem cortes foi lançada em DVD na China.