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POPLOAD
A escuridão e a Buffy
LÚCIO RIBEIRO
ENVIADO ESPECIAL A AUSTIN (EUA)
Ainda sobre a bagunça do
Texas... "Don't mess with
Texas" qual o quê. Austin está para a nova música assim como Davos está para a economia. O balanço final do festival South by
Southwest é de que tudo foi lindo,
hotéis lotados, formigueiro humano nas ruas e nos bares, mas o
festival precisa ser repensado para
suas edições futuras. A cidade
corre o risco de entrar em colapso, segundo os editoriais pós-evento dos pacatos jornais locais.
* Há um fascínio qualquer do
pop com o mundo dark, sinistro.
Com os mais soturnos climas, as
mais cavernosas vozes, tipo Joy
Division, Sisters of Mercy, Bauhaus. Echo & The Bunnymen do
começo. O que havia ficado evidente com o lindo Interpol, há
uns dois anos, ficou escancarado
no último South by Southwest.
Há algo de muito daaaaark no ensolarado mundo globalizado, da
internet e dos iPods.
Três dos destaques do South by
Southwest 2006 parecem ter Boris
Karloff no vocal. Editors, da Inglaterra, já algo conhecida, e as
novas americanas de nomes-frase
She Wants Revenge e I Love You
but I've Chosen Darkness. Esta última, que já diz tudo no seu nome
ótimo, é da Austin do festival. O
disco do Chosen Darkness, recém-lançado, não está para brincadeira. A capa é gótica, preta,
tem um coração atravessado por
uma cruz de ponta-cabeça e o nome do álbum é "Fear Is on Our Side" (O medo está do nosso lado).
A faixa de abertura é "The Ghost".
Brrrr. Confira a ótima "According to Plan", do I Love You But
I've Chosen Darkness, na página
da banda no My Space (www.
myspace.com/chosendarkness).
* Fim de festival, tudo normalizado, eu e um amigo procuramos
o que fazer na noite de Austin,
pós-festival. A cidade estava meio
vazia, o povo parecia que estava
tendo o sono dos justos. Aí uma
fila gigante chamou a atenção. Alguma banda fazendo show extra?
Não, era um cinema. Cinema
indie. De programação bizarra,
depoooooois descobrimos. A
atração da noite era algo chamado
"Buffy Sing-A-Long". Algo que
envolvia a Buffy, a caça-vampiros.
Entramos, lógico.
Na porta, depois de pagar o ingresso, ganhava-se um isqueiro,
um tubinho de fazer bolhas de sabão e dentes de vampiro, daqueles de plástico, que já estava esgotado na hora em que chegamos.
Aí a balada era o seguinte: entrava um "animador de torcida" para falar do evento, anunciar a programação do próximo mês e dizer
que todos lá iríamos viver o mundo da Buffy de um modo que seria
lembrado mais do que nossos casamentos, mais do que nosso primeiro beijo, mais do que o nascimento do primeiro filho. Medo!
Mas que primeiro ia passar um
episódio de "Angel", o namoradinho vampiro da Buffy (mas com
alma) que ganhou seriado próprio. Um em que Angel é transformado em "muppet" por uns
"muppets" do mal que ficam sugando a energia de crianças nesses programas de TV matinais.
Quando acabou, um casal foi
convidado a dublar lá na frente
uma cena de amor da Buffy com
alguém lá. O som foi tirado, legendas apareceram e o casal dublava.
Aí veio o episódio em si, inteiro
e especial, na tela de cinema, da
Buffy. Era um especial em que as
pessoas da cidade dela sofreram
alguma maldição e não conseguiam mais falar normalmente.
Só cantar, como em musicais.
Aí éramos convidados a cantar
junto (apareciam as legendas com
as letras na hora de cantar), acender o isqueiro na hora de uma
música tipo romântica e levantar
para dançar esquisito na cena em
que eles dançavam esquisitos, de
mãos dadas com as pessoas da
poltrona ao lado (a menina do
meu lado, que me deu a mão, usava os dentes de vampiro postiços). Teve a parte de fazer bolha
de sabão também, que todo mundo no cinema fez.
No próximo dia 30, quinta, para
quem estiver em Austin, neste
mesmo cinema vai ter a noite
"The Journey Sing-Along". Lembra a banda Journey, não? Então...
@ - lucio@uol.com.br
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