|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA
Cantor, compositor e ex-surfista que toca em abril em SP e no Rio diz que, aos 30, sucesso global veio "na hora certa"
Jack Johnson se equilibra entre pop e surfe
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL
"Estou com 30 anos, mas acho
que o sucesso veio na hora certa",
afirma com serenidade o cantor
havaiano e ex-surfista profissional Jack Johnson, que se apresenta nos dias 7 e 8 de abril no Rio e
em São Paulo, respectivamente.
"Se viesse um pouco antes, talvez
eu não estivesse tão equilibrado."
Ao telefone com a Folha, o cantor e compositor da música estrangeira mais tocada nas rádios
de São Paulo na semana passada,
"Upside Down", e do sucesso noveleiro "Sitting, Waiting, Wishing", mostra que estereótipos
sempre associados a surfistas não
colam nele.
"Como já estive do outro lado
da câmera, sei o que devo ou não
dizer. Sei que existe a projeção
que as pessoas fazem de mim e
quem de fato sou. Por isso, tento
me policiar para que o que eu diga
não tome uma proporção exageradamente importante ou exageradamente engraçada."
Pai de um filho, cujo nome não
revela para evitar exposição,
Johnson largou competições e
carreira de cinema. Ele estudou a
sétima arte na Universidade da
Califórnia em Santa Barbara e
chegou a realizar documentários
premiados sobre surfe, mas a paixão pela câmera passou.
Som tranqüilo
"Não tenho mais a intenção de
filmar de novo. Hoje minha vida é
uma busca pelo equilíbrio entre o
surfe e a música. Se conseguir isso, estarei bem", diz.
A carreira de Jack Johnson é, de
fato, uma bela metáfora desse
equilíbrio. Nos discos, a banda é
chamada de Jack Johnson and His
Friends (e seus amigos). Seu rock
tranqüilo é uma mistura da tradição da canção folk acústica americana com um sentimento de "surf
music" inspirado em reggae e rap.
O resultado é um som que agrada tanto adolescentes quanto
adultos. Agora, até as crianças de
língua inglesa farão parte do público de Johnson, uma vez que a
trilha sonora do longa animado
"Curious George", um macaquinho, foi composta por ele.
Foi uma experiência que Johnson gostou, mas que lhe apresentou o desafio de se comunicar
com o público-alvo do desenho
sem se transformar numa caricatura de si. "Tive de ter um pouco
mais de tato na escolha das palavras, embora não tenha mudado
quase nada no meu som. O legal é
que músicas como "Upside Down"
acabaram fazendo sucesso com
platéias mais crescidas. Quando a
gente toca essa, o público recebe
com entusiasmo."
Segundo o artista, pouca coisa
mudou da época em que se apresentava na faculdade para o momento atual de uma megaturnê.
Ele continua se apresentando
com três amigos -e, nos discos,
sempre assina Jack Johnson and
His Friends. "É bom contar com o
apoio deles", diz Johnson, que foi
descoberto por Ben Harper, que
também tocou em "Curious
George". O grupo tem baixo, bateria, piano e Johnson.
Como sempre espera uma questão sobre seu passado surfista
-quando tinha patrocinador e
ganhava provas em Pipeline-,
pergunto a Johnson se ele pretende pegar onda no Brasil.
"Já me informei com alguns
amigos brasileiros que surfavam
comigo. Vou tentar", responde
ele, que, em seus dois últimos CDs
de carreira, contou com a produção do brasileiro Mário Caldato.
"O Mário foi muito importante.
Ele captou nossa sonoridade ao
vivo no disco, além de ter me
apresentado a muita coisa de música brasileira. Gostei muito de
conhecer a obra de artistas como
Baden Powell e João Gilberto, foi
importante", conta. E a tranqüilidade surfe-bossa nova deve continuar, já que ele não morre de
amores pela guitarra elétrica. "Já
usei em algumas canções, mas
meu som está num caminho que
segue mais pelo reggae do que pelo rock", diz ele, afirmando que,
embora Bob Dylan seja uma de
suas influências, não se pautará
"pelas guinadas dos outros".
Texto Anterior: Popload: A escuridão e a Buffy Próximo Texto: Filas diminuem com fim de meia-entrada Índice
|