INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Há um toque mambembe em "Tapete Vermelho" (Canal Brasil, às 22h; não recomendado para menores de 10 anos). Pessoalmente, me agrada esse toque: nos faz lembrar que imitar o cinema "tecnicamente perfeito" não leva a nada, exceto à imitação imperfeita.
O cinema não precisa de produção impecável. Precisa de ideias. E essas existem no filme de Luiz Alberto Pereira, onde um homem deixa o seu recanto caipira em busca de um cinema onde mostrar os filmes de Mazzaropi para o filho.
Mas esses cinemas não existem mais. Talvez o caipira que o filme nos mostra também seja alguém perdido no tempo, entre Jeca Tatu e Mazzaropi. Hoje, o interior é "country", o que é muito diferente.
Há também, já se vê, um toque passadista no filme. Sua melhor imagem, penso, é aquela em que os caipiras saem do passado e chegam a um gigantesco trevo de estrada, perdidos, sem referencial no novo e grande mundo. Como o interior, o cinema também muda.


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