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Agora é a vez de Cannes
AMIR LABAKI
de Nova York
Ao menos no papel, a lista de selecionados para a mostra competitiva do 51º Festival Internacional
de Cinema de Cannes, anunciada
ontem, supera a seleção do cinquentenário, que decepcionou no
ano passado. Até o diretor do festival, Gilles Jacob, reconheceu em
Paris que "o nível geral aumentou, mas a oferta global de filmes
também aumentou, em 25%".
"Há mais filmes, logo há maiores chances de existirem bons filmes", disse Jacob. Foram vistos
568 longas de 74 países pelo comitê de seleção de Cannes 98, contra
489 de 70 nacionalidades em 97.
Vinte e dois filmes concorrem à
Palma de Ouro. Ecos de Berlim
(vitória de "Central do Brasil"): a
América Latina emplacou dois títulos na disputa. "Coração Iluminado", o drama romântico autobiográfico de Hector Babenco, foi
confirmado na lista oficial representando "Argentina-Brasil". O
cinema colombiano celebra o feito
da escolha de "A Vendedora de
Rosas", de Victor Gaviria.
Com cinco concorrentes, a
maior seleção é a americana, seguida pelos quatro títulos franceses. A fórmula de Cannes para os
EUA mantém-se a mesma: independentes na competição, grandes atrações em sessões especiais.
O ex-Monty Python Terry Gilliam ("Brazil") carrega o principal título, "Medo e Nojo em Las
Vegas" ("Fear and Loathing in
Las Vegas"), com Johnny Depp e
Benício del Toro.
Hal Hartley volta à Croisette
concorrendo com "Henry Fool".
Todd Haynes ("Veneno") assina
o favorito a cult do ano, com
"Velvet Goldmine". John Turturro, que levou a Camêra de Ouro
de estreante por "Mac" no início
da década, retorna com "Illuminata". E o jovem Lloyd Kerrigan
("Clean, Shave") tem sua primeira chance com "Claire Dolan".
Fora de concurso, retumba um
"viva Hollywood". A abertura,
em 13 de maio, não traz novidades: o simpático "Primary Colors", de Mike Nichols, com John
Travolta. Para o encerramento,
em 24 de maio, nada menos que
"Godzilla", de Roland Emerich.
Com status de "projeções especiais", serão ainda vistos em Cannes "Blues Brothers 2000", de
John Landis, "Goodbye, Love",
de Roland Joffé, e o thriller futurista "Dark City", de Alex Proyas.
Por sua vez, a esquadra gaulesa
não parece das mais fortes. Depois
do barroquismo de "A Rainha
Margot" (95), Patrice Chéreau
volta à disputa com "Ceux Qui
m'Aiment Prendront le Train"
(Quem me Ama Pega o Trem).
Benoit Jacquot apresenta mais
um drama psicológico, "L'École
de la Chair" (A Escola da Carne).
Claude Miller nos oferece mais um
thriller ("La Classe de Neige"), e
paira uma interrogação sobre o estreante Erick Lonca e seu "La Vie
Rêvee des Anges" (A Vida Sonhada dos Anjos).
Sob a ótica do cinema de autor,
será uma disputa entre "habitués" do festival. O grego Theo
Angelopoulos tem nova chance
com "A Eternidade, um Dia". O
dinamarquês Lars Von Trier promete roçar o pornográfico com
"Os Idiotas". Nanni Moretti vem
com "Aprile".
Ken Loach revisita as raízes do
"Free Cinema" dos anos 50 com
"My Name Is Joe". John Boorman vai à Irlanda em "The General". O "darling" dos franceses
Hou Hsiao-hsien concorre com
"Flores de Xangai". Aposto mais
em outro formosino, Tsai
Ming-Liang, que estréia em Cannes com "O Buraco".
As sessões especiais incluem ainda os novos filmes de Shohei Imamura ("Kanzo Sensei"), Manoel
de Oliveira ("Inquietude") e Saura ("Tango"). Na mostra paralela
"Un Certain Regard" (Um Certo
Olhar), destacam-se um telefilme
dirigido por Ingmar Bergman, "O
Apóstolo", de Robert Duvall, e
"El Evangelico de las Marvillas",
de Arturo Ripstein.
Mas a maior fila deve ser para a
nova e mais longa versão de "A
Marca da Maldade", de Orson
Welles, exibida em homenagem
ao produtor Anatole Dauman.
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