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Medaglia diz que foi usado por Ticketeatro
DANIEL CASTRO
da Reportagem Local
O maestro Júlio Medaglia Filho,
diretor-artístico e regente titular
da orquestra Amazonas Filarmônica, diz que seu nome foi usado
pela Associação Juventude Musical do Brasil para obter recursos da
Lei Mendonça, de incentivo fiscal à
cultura no município de São Paulo.
A associação é responsável pelo
projeto Ticketeatro, de venda de
ingressos de shows e peças teatrais,
que faliu em dezembro passado
após um ano e meio de atividades.
Com patrocínio da IBM do Brasil, o Ticketeatro recebeu entre 95 e
97 R$ 4,5 milhões da Lei Mendonça
-70% desses recursos foram bancados pela prefeitura.
Em três pareceres, a Comissão de
Averiguação e Avaliação de Projetos Culturais, que fiscaliza a aplicação da Lei Mendonça, recomenda
a rejeição da prestação de contas
do Ticketeatro e aponta supostos
abusos, como a compra de ração
para cães e absorventes íntimos
com recursos públicos.
O nome do maestro Júlio Medaglia aparece em atas de reuniões da
Juventude Musical de 93 a 97. Em
26 de junho de 95, foi eleito diretor-artístico da entidade, sem estar
presente. Medaglia diz que participou apenas da primeira reunião da
associação, a de fundação, em 25
de junho de 93.
"Não tenho nada a ver com essa
associação. Estou de laranja nessa
história", disse Medaglia. "Eu pedi
para sair fora logo no início."
O também maestro Ary de Jácomo Bisaglia, diretor-geral da Juventude Musical e responsável pelo Ticketeatro, não comentou o assunto durante entrevista à Folha.
Ele argumenta que as despesas
questionadas pela comissão de
averiguação eram necessárias.
Medaglia diz que só soube que
ocupava cargo na associação neste
ano. Ele enviou ao jornal cópia de
uma declaração assinada por Bisaglia em 3 de fevereiro de 99, na qual
o diretor-geral da Juventude Musical admite que a eleição de Medaglia foi "à sua revelia".
O regente da Amazonas Filarmônica diz que ficou inicialmente interessado na Juventude Musical
porque ela pretendia resgatar um
projeto que existiu nos anos 50, de
mesmo nome e comandado pelo
maestro Eleazar de Carvalho.
O projeto original promovia concertos gratuitos. "Toda a minha
geração frequentou esses concertos", lembra Medaglia.
A Juventude Musical original tinha apoio da Unesco (órgão das
Nações Unidas que trata de educação, ciência e cultura), fato também usado por Bisaglia. A representação da Unesco no Brasil diz
desconhecer a entidade. Em 97, Bisaglia conseguiu filiar sua associação à federação internacional das
Juventudes Musicais, órgão reconhecido pela Unesco.
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