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CRÍTICA
Histórias entrelaçadas
da Sucursal do Rio
Em um dos trechos de
"Mundos de Vidro", o personagem Pekisch divide a
banda que rege na pequena
Quinnipak -metade dos
instrumentistas fica em um
extremo da cidade; a outra
metade, no outro extremo.
A um sinal do maestro, as
duas metades começam a
tocar e a caminhar em direção ao centro de Quinnipak. E, durante a caminhada, os sons se entrelaçam,
até formarem, no centro,
uma sinfonia completa.
A escrita de Baricco é assim. Formada por pequenos sons fragmentados que,
juntos, formam uma sinfonia. Em "Mundos de Vidro", o autor cria um universo de histórias entrelaçadas. Poderia ter escrito um
livro de contos. Preferiu o
romance.
"Mundos de Vidro" tem
várias tramas principais, todas passadas na imaginária
cidade de Quinnipak, no final do século passado. Assim, enquanto o sr. Rail sonha em construir uma ferrovia na cidade -mesmo
que não tenha nenhum lugar para ligar a Quinnipak-, a sra.Rail guarda um
segredo, Pekisch rege a
banda, a viúva Abegg relembra o marido que nunca
teve e o órfão Pehnt espera
que seu destino se cumpra.
Pequenos detalhes permitem perceber em qual período se desenvolvem as
histórias de Baricco.
"Há a construção do Palácio de Cristal, o surgimento
das estradas de ferro, mas
não é um romance histórico. Você pode me perguntar, por exemplo, sobre
guerras. Não há guerras
neste lugar? Não sei, porque
ele é um "nenhum lugar",
em "nenhum tempo"."
Agora, o escritor, que fica
no Rio até a próxima semana, prepara-se para lançar,
daqui a duas semanas na
Itália, "City", seu mais recente trabalho. "É meu primeiro livro passado no
tempo presente, mas não
em toda sua extensão. Há
muito de western. Acho que
estou escrevendo um livro
para homens."
(CG)
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