São Paulo, Sábado, 24 de Abril de 1999
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CRÍTICA
Histórias entrelaçadas

da Sucursal do Rio

Em um dos trechos de "Mundos de Vidro", o personagem Pekisch divide a banda que rege na pequena Quinnipak -metade dos instrumentistas fica em um extremo da cidade; a outra metade, no outro extremo.
A um sinal do maestro, as duas metades começam a tocar e a caminhar em direção ao centro de Quinnipak. E, durante a caminhada, os sons se entrelaçam, até formarem, no centro, uma sinfonia completa.
A escrita de Baricco é assim. Formada por pequenos sons fragmentados que, juntos, formam uma sinfonia. Em "Mundos de Vidro", o autor cria um universo de histórias entrelaçadas. Poderia ter escrito um livro de contos. Preferiu o romance.
"Mundos de Vidro" tem várias tramas principais, todas passadas na imaginária cidade de Quinnipak, no final do século passado. Assim, enquanto o sr. Rail sonha em construir uma ferrovia na cidade -mesmo que não tenha nenhum lugar para ligar a Quinnipak-, a sra.Rail guarda um segredo, Pekisch rege a banda, a viúva Abegg relembra o marido que nunca teve e o órfão Pehnt espera que seu destino se cumpra.
Pequenos detalhes permitem perceber em qual período se desenvolvem as histórias de Baricco.
"Há a construção do Palácio de Cristal, o surgimento das estradas de ferro, mas não é um romance histórico. Você pode me perguntar, por exemplo, sobre guerras. Não há guerras neste lugar? Não sei, porque ele é um "nenhum lugar", em "nenhum tempo"."
Agora, o escritor, que fica no Rio até a próxima semana, prepara-se para lançar, daqui a duas semanas na Itália, "City", seu mais recente trabalho. "É meu primeiro livro passado no tempo presente, mas não em toda sua extensão. Há muito de western. Acho que estou escrevendo um livro para homens." (CG)


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