São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 2000


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OUTRO LADO

Ferreira diz que sai do parque

DA REPORTAGEM LOCAL

"Vou começar a sair do parque Ibirapuera após o término da Mostra do Redescobrimento neste ano e deixá-lo depois da extinção da Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais no fim de 2002", afirma o banqueiro Edemar Cid Ferreira, presidente da entidade.
Segundo ele, "houve ocupação desordenada do parque nos últimos 40 anos por associações sem fins lucrativos e por estabelecimentos comerciais. Isso, sim, uma privatização branca".
Cid Ferreira diz que o investimento no parque por causa da Mostra, cerca de R$ 18 milhões, ficará para "a população de São Paulo". Ele se recusa a polemizar com os críticos de seu estilo: "Eu vou, converso com as pessoas, mostro a vantagem, uno-me a elas e faço minha exposição com clareza".
Cita como exemplo o marketing feito pelo Bradesco com a Carta de Caminha. "Vão achar que a carta é do Bradesco, pois o banco a expõe em todas as agências."
Sobre a acusação de que o adiamento da Bienal de Arte de 2001 para 2002 facilita a captação de patrocínio para que faça a itinerância da Mostra do Redescobrimento, responde: "O favorecimento a mim é nenhum. A decisão de adiamento foi do conselho. A nossa mostra já tem a captação bem encaminhada. Fechamos com o Guggenheim e vamos expor em Nova York".
Perguntado se vê impedimento ético no fato de o secretário Ricardo Ohtake ser responsável pelo parque e ter feito um trabalho para uma entidade que tinha interesse em espaços do Ibirapuera, afirma: "Tem de perguntar para ele. Pra mim, não vejo nenhum. Nunca fui da iniciativa pública".
De acordo com Cid Ferreira, ele optou pelo escritório de arquitetura de Ohtake porque desde 92 contrata esse tipo de serviço com a empresa. Ohtake afirma que foi há três anos, quando não era secretário, que o escritório foi contratado para realizar os catálogos. "Como vivo dos trabalhos do escritório e não da secretaria, não poderia romper o contrato."
Sobre a intervenção realizada pela Mostra no Ibirapuera, Ohtake diz: "O que o Edemar está fazendo é um exemplo. Graças a ele, os museus da Aeronáutica e do Folclore ganharam espaços que lhes permitem visitação pública".
"Antes da Mostra, a marquise estava privatizada, agora é que ela se tornou pública, e isso também é um benefício que a cidade ganha graças ao Edemar", completa.
Já Carlos Bratke, o presidente da Fundação Bienal, que na semana passada foi acusado de favorecer os interesses do organizador da Mostra, afirma: "Existe uma fofoca de que estou sendo seduzido pelo Edemar, que casaremos sob a marquise, mas isso não é verdade. Há uma concorrência entre a Bienal e a Mostra para a captação de recursos, mas não existe um acordo entre mim e o Edemar", diz. (KA e FCy)


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