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"Shazam!" evolui como uma caixa mágica
ESPECIAL PARA A FOLHA
"Shazam!", espetáculo que Philippe Decouflé considera o mais
completo de sua carreira, nasceu
em 1997 como peça de abertura
encomendada pelo Festival de Cinema de Cannes, que comemorava seu cinquentenário. Um ano
depois, estreou em versão completa, interpretado pelo DCA (Decouflé et Complices Associés),
companhia fundada em 1983.
Apesar do sucesso que vem obtendo desde o início de sua carreira, Decouflé declarou à Folha que,
após cumprir as temporadas programadas até 2001, pretende interromper as atividades que vem
desenvolvendo. "Durante algum
tempo, quero fazer qualquer coisa, menos produzir espetáculos."
A necessidade de manter-se
temporariamente fora de cena
chega a ser uma surpresa, uma
vez que Decouflé é um dos mais
populares coreógrafos franceses,
além de videoartista premiado.
Identificando-se como um "sonhador multimídia", Decouflé
cruza expressões para promover
no palco um jogo de ilusões óticas, baseado tanto em tecnologias
sofisticadas quanto em recursos
artesanais do teatro.
"Minha cultura de base é a história em quadrinhos, o rock, a
dança das casas noturnas e Oscar
Schlemmer, o coreógrafo da Bauhaus. A descoberta das fotos dos
personagens de seu Balé Triádico
foi uma revelação", diz ele. "Depois, com o coreógrafo norte-americano Alwin Nikolais, percebi a importância da luz e dos figurinos, adquirindo a segurança de
que tudo pode ser misturado.
Tecnicamente, foi com Merce
Cunningham que minha formação se fortaleceu. Em Nova York,
frequentei os cursos de vídeo que
ele ministrava e aprendi a dominar os problemas de distância e
geometria, as regras elementares
da ótica e do movimento."
Mágica
Sobre "Shazam!", que define como uma série de ensaios cinecoreográficos, Decouflé diz tratar-se
de uma fantasia ótica e musical.
"Neste espetáculo temos a chance
de contar com uma orquestra tocando ao vivo, que confere ao
elenco uma vitalidade preciosa."
Por meio de uma série de truques, "Shazam!" se desenrola como uma caixa mágica, da qual
surgem situações, personagens e
imagens inusitadas, com cenas
reais e virtuais confundindo-se.
"Por inspirar-se no cinema, trata-se de um trabalho que explora a
linguagem dos enquadramentos,
aplicada aos corpos em movimento." Segundo Decouflé, uma
das fontes de inspiração de "Shazam!" é o cinema do precursor
Georges Méliès, que fez dos truques fotográficos uma de suas especialidades, como no clássico filme "Viagem à Lua".
Nascido em Paris em 1961, Decouflé estudou mímica com Marcel Marceau e também se formou
na Escola do Circo, da capital
francesa. Sua maior influência,
porém, foi Alwin Nikolais (1912-1992), com quem trabalhou nos
anos 70, quando o coreógrafo
norte-americano dirigiu, na França, o Centro Nacional de Dança
Contemporânea de Angers.
À frente de seu grupo, com o
qual já havia produzido espetáculos de sucesso, como "Triton",
Decouflé tornou-se celebridade
em 1992, quando realizou a direção cênica da cerimônia de inauguração dos Jogos Olímpicos de
Inverno de Albertville (Canadá).
Tal criação, que reuniu 1.500 personagens, consagrou o termo
"decoufleries", que passou a designar um estilo associado ao circo, ao jogo de imagens e à dança.
Em "Shazam!", Decouflé sintetiza seu estilo tomando como referência os ângulos de visão da câmera cinematográfica, combinados aos efeitos de espelhos e à
prestidigitação.
(AFP)
Espetáculo: Shazam!, com a Cia. DCA,
de Philippe Decouflé
Quando: sex., às 21h, e sáb., às 16h e 21h
Onde: teatro Alfa (r. Bento Branco de
Andrade Filho, 722, São Paulo, tel. 0800-558191)
Quanto: de R$ 20 a R$ 90
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