São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 2000


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"Shazam!" evolui como uma caixa mágica

ESPECIAL PARA A FOLHA

"Shazam!", espetáculo que Philippe Decouflé considera o mais completo de sua carreira, nasceu em 1997 como peça de abertura encomendada pelo Festival de Cinema de Cannes, que comemorava seu cinquentenário. Um ano depois, estreou em versão completa, interpretado pelo DCA (Decouflé et Complices Associés), companhia fundada em 1983.
Apesar do sucesso que vem obtendo desde o início de sua carreira, Decouflé declarou à Folha que, após cumprir as temporadas programadas até 2001, pretende interromper as atividades que vem desenvolvendo. "Durante algum tempo, quero fazer qualquer coisa, menos produzir espetáculos."
A necessidade de manter-se temporariamente fora de cena chega a ser uma surpresa, uma vez que Decouflé é um dos mais populares coreógrafos franceses, além de videoartista premiado. Identificando-se como um "sonhador multimídia", Decouflé cruza expressões para promover no palco um jogo de ilusões óticas, baseado tanto em tecnologias sofisticadas quanto em recursos artesanais do teatro.
"Minha cultura de base é a história em quadrinhos, o rock, a dança das casas noturnas e Oscar Schlemmer, o coreógrafo da Bauhaus. A descoberta das fotos dos personagens de seu Balé Triádico foi uma revelação", diz ele. "Depois, com o coreógrafo norte-americano Alwin Nikolais, percebi a importância da luz e dos figurinos, adquirindo a segurança de que tudo pode ser misturado. Tecnicamente, foi com Merce Cunningham que minha formação se fortaleceu. Em Nova York, frequentei os cursos de vídeo que ele ministrava e aprendi a dominar os problemas de distância e geometria, as regras elementares da ótica e do movimento."

Mágica
Sobre "Shazam!", que define como uma série de ensaios cinecoreográficos, Decouflé diz tratar-se de uma fantasia ótica e musical. "Neste espetáculo temos a chance de contar com uma orquestra tocando ao vivo, que confere ao elenco uma vitalidade preciosa."
Por meio de uma série de truques, "Shazam!" se desenrola como uma caixa mágica, da qual surgem situações, personagens e imagens inusitadas, com cenas reais e virtuais confundindo-se. "Por inspirar-se no cinema, trata-se de um trabalho que explora a linguagem dos enquadramentos, aplicada aos corpos em movimento." Segundo Decouflé, uma das fontes de inspiração de "Shazam!" é o cinema do precursor Georges Méliès, que fez dos truques fotográficos uma de suas especialidades, como no clássico filme "Viagem à Lua".
Nascido em Paris em 1961, Decouflé estudou mímica com Marcel Marceau e também se formou na Escola do Circo, da capital francesa. Sua maior influência, porém, foi Alwin Nikolais (1912-1992), com quem trabalhou nos anos 70, quando o coreógrafo norte-americano dirigiu, na França, o Centro Nacional de Dança Contemporânea de Angers.
À frente de seu grupo, com o qual já havia produzido espetáculos de sucesso, como "Triton", Decouflé tornou-se celebridade em 1992, quando realizou a direção cênica da cerimônia de inauguração dos Jogos Olímpicos de Inverno de Albertville (Canadá). Tal criação, que reuniu 1.500 personagens, consagrou o termo "decoufleries", que passou a designar um estilo associado ao circo, ao jogo de imagens e à dança.
Em "Shazam!", Decouflé sintetiza seu estilo tomando como referência os ângulos de visão da câmera cinematográfica, combinados aos efeitos de espelhos e à prestidigitação. (AFP)


Espetáculo: Shazam!, com a Cia. DCA, de Philippe Decouflé
Quando: sex., às 21h, e sáb., às 16h e 21h
Onde: teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, São Paulo, tel. 0800-558191)
Quanto: de R$ 20 a R$ 90


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