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RELÂMPAGOS
Néctar
JOÃO GILBERTO NOLL
Quando cheguei ela estava
sentada na cama, não bem
como se me aguardasse, mas
de fato testando a capacidade
de ter um homem contumaz
em se ausentar nem se sabia
pra quê, já que não bebia mais
e nem parecia frequentar outras mulheres, tamanho o ímpeto com que a abraçava ao
deitar... Estava sentada na cama e eu, parado à porta do
quarto, me perguntei quem
era o homem que ela esperava... Nessa noite não me joguei nos lençóis como de costume. Fiquei a olhá-la meio
faminto e ao mesmo tempo
como se puxasse as rédeas,
sem esforço ou crise, só a prolongar a força típica das vésperas, aquela que costuma
animar mais a sexta do que o
sábado, aparando o horizonte da dolorida culminância
dos domingos -esse logo à
frente, a poucos passos...
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