São Paulo, quinta-feira, 24 de maio de 2001

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RELÂMPAGOS

Néctar

JOÃO GILBERTO NOLL

Quando cheguei ela estava sentada na cama, não bem como se me aguardasse, mas de fato testando a capacidade de ter um homem contumaz em se ausentar nem se sabia pra quê, já que não bebia mais e nem parecia frequentar outras mulheres, tamanho o ímpeto com que a abraçava ao deitar... Estava sentada na cama e eu, parado à porta do quarto, me perguntei quem era o homem que ela esperava... Nessa noite não me joguei nos lençóis como de costume. Fiquei a olhá-la meio faminto e ao mesmo tempo como se puxasse as rédeas, sem esforço ou crise, só a prolongar a força típica das vésperas, aquela que costuma animar mais a sexta do que o sábado, aparando o horizonte da dolorida culminância dos domingos -esse logo à frente, a poucos passos...



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