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POLÊMICA
Para o artista, que inaugurou o espaço com performance, "intenção foi preservar integridade da instalação"
Obra de Tunga "despeja" atores do CCBB
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Há três semanas, a série de performances "São Paulo É uma Festa" vinha sendo realizada em
meio à megainstalação do artista
plástico Tunga, incumbido de
inaugurar o Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo (CCBB-SP), no dia 21 de abril.
Desde a quinta passada, os atores do espetáculo foram "despejados" de seu espaço e passaram a
atuar na rua, no balcão do edifício
e ao redor da obra sem poder interferir nela, como vinha ocorrendo. Antes, uma pequena parte das
performances já ocorria na rua.
Pelas próprias características do
trabalho de Tunga, de caráter performático e participativo, os artistas não contavam com a atitude.
"Não houve diálogo com ele, nos
explicaram que era como sobrepor obras e expor a "Monalisa" em
frente à "Santa Ceia" (ambas de
Leonardo da Vinci). Minhas referências são mais contemporâneas, como Duchamp", diz Beth
Lopes, diretora do espetáculo.
"Acho isso uma extrema falta de
senso de humor, mas não tenho
vontade de polemizar, pois é insignificante", afirma o escritor
Fernando Bonassi, autor do texto
da peça e colunista da Folha.
"Eu apenas defendi a integridade da minha obra; concebi um
trabalho específico e colocaram
uma outra teatralidade dentro, o
que provocava uma ruptura dessa
concepção", diz Tunga.
O artista soube da intervenção
teatral através de um amigo fotógrafo, que viu cenas da peça sendo
apresentadas como parte da instalação de Tunga na televisão.
"Minha ação não tem nada a ver
com censura, mas com a preservação de uma obra", afirma.
A assessoria de imprensa do
CCBB conta que convocou uma
reunião com Marcello Dantas, curador da mostra "Metro - A Metrópole em Você", da qual a obra
de Tunga faz parte, e Marcia Abujamra, a curadora das duas peças
em cartaz no espaço. Ambos decidiram rearranjar o espetáculo em
outras áreas do CCBB. A própria
obra de Tunga acabou tendo pequenas alterações: os cobertores
no hall do espaço, por onde os
atores não poderiam caminhar,
ficaram com menos espaço.
"Isso é um problema da curadoria, que foi relapsa e confusa. Eu
nem sequer sabia que minha obra
tinha algo a ver com o tema metrópole, e, pelo contrato que assinei, nada constava sobre a realização de outros espetáculos na mesma área", afirma Tunga.
Para o artista plástico, "se fosse
para haver interação, eu poderia
ter sido avisado e criado algo em
conjunto, mas o que eles estão fazendo é um monólogo do qual eu
não participo".
Em viagem à França, o curador
Marcello Dantas não foi encontrado pela reportagem da Folha.
Apesar da polêmica, as performances continuam em cartaz até
domingo (com duas sessões entre
12h e 14h e duas entre 17h30 e 19h,
às quintas e sextas; duas apresentações no sábado, entre 17h30 e
19h, e duas no domingo, entre 16h
e 17h30) com a maioria das cenas
no exterior no edifício recém-restaurado. "O espetáculo não foi
prejudicado, ele até independe do
espaço, graças aos ótimos atores",
completa a diretora Lopes. O
CCBB fica na rua Álvares Penteado, 112 (tel. 0/xx/11/3113-3618).
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