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Crítica
"Náufrago" estuda nossa relação com o tempo
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Desde que Paulinho da Viola
tratou do assunto (em "Sinal
Fechado"), o tempo corre cada
vez mais rápido. E de modo
mais perverso, a saber: somos
nós que corremos atrás de um
tempo que insiste em escapar e
desconsiderar as riquezas do
ócio.
Na indústria, na universidade, no Estado, a palavra de ordem, mais ou menos única e
certamente não contestada, é
produtividade. O tempo existe
para ser produtivo.
Os resultados disso -para o
mundo da produção- não podem ser contestados: é necessário seguir a palavra de ordem
para sobreviver. Para o mundo
do conhecimento, ainda não se
sabe quais sejam as vantagens
desse procedimento: o certo é
que a ideologia do produtivismo se impôs e hoje organiza,
por exemplo, a universidade.
É aí que entra "Náufrago"
(Telecine Emotion, 19h30), de
Robert Zemeckis: e se um desastre ocorre e transforma nossa relação com o tempo? É o
que se dá com Tom Hanks no
filme, mas ninguém está proibido de pensar no assunto.
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