São Paulo, domingo, 24 de maio de 2009

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BIA ABRAMO

O fim de "ER'

O drama médico levou qualidade de cinema à televisão e mudou a teledramaturgia

NÃO, A COLUNA não contém spoilers -que é como se chamam revelações antecipadas sobre séries no jargão dos comentaristas e fãs. Esta coluna não sabe nada além do que todo mundo a respeito dos 23 episódios da ultimíssima temporada de "ER", o seriado decisivo da passagem dos anos 90 aos 00.
Na segunda semana de junho, assim que terminarem as temporadas principais do canal de TV paga Warner, começa o canto de cisne de "ER". Depois dele, o seriado entra para a história da televisão mundial.
"ER" não apenas mudou tudo na teledramaturgia seriada da televisão americana, como foi responsável por dar um prestígio e um status às séries, ambos responsáveis por uma acorrida à televisão de um público que estava distante dela -e isso em vários cantos do mundo.
O que havia de especial em "ER"? Em primeiro lugar, assinaturas famosas, claro -o roteiro original, do escritor best-seller Michael Crichton, seria filmado para o cinema por Steven Spielberg. O Peter Pan do cinema, entretanto, preferiu filmar outra história na qual Crichton estava trabalhando à época -sobre uma ilha onde os milagres da então ainda misteriosa engenharia genética seriam capazes de trazer dinossauros à vida. Acertadamente, como os próximos 15 anos demonstrariam, o roteiro de Crichton acabou indo para TV.
Mas "ER" não se sustentaria apenas com isso, evidentemente. Havia aventura no roteiro -representada pela luta cotidiana de um grupo de médicos e enfermeiras para salvar vidas-, havia ação o suficiente -o ritmo dos episódios nas primeiras temporadas beirava o alucinante- e havia dramas adultos se desenrolando em paralelo -amores, casamentos, carreira e ambição.
Não que isso não houvesse sido tentado antes, mas nunca com, arrisco a palavra, a seriedade vista ali. "ER" era, finalmente, televisão com qualidade de cinema.
A série virou matriz de várias outras assemelhadas e, de certa forma, criou um público adulto para um certo tipo novo de teledramaturgia.
Essa última temporada, na verdade, não deve ser lá grande coisa -a série dá mostras de exaustão já há um certo tempo.
Outros dramas médicos, como o do brilhante misantropo doutor House ou o alegre troca-troca sentimental e sexual de "Grey's Anatomy", tomaram seu lugar. Mas, mesmo quase esgotado, "ER" ainda vai merecer uma olhada -nem que seja pelas participações especiais de personagens que já deixaram a série, incluindo todo o elenco original no último episódio de duas horas, que deve ir ao ar em novembro.

biabramo.tv@uol.com.br

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