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BIA ABRAMO
O fim de "ER'
O drama médico levou qualidade de cinema à televisão e mudou a teledramaturgia
NÃO, A COLUNA não contém
spoilers -que é como se chamam revelações antecipadas
sobre séries no jargão dos comentaristas e fãs. Esta coluna não sabe nada além do que todo mundo a respeito dos 23 episódios da ultimíssima
temporada de "ER", o seriado decisivo da passagem dos anos 90 aos 00.
Na segunda semana de junho, assim que terminarem as temporadas
principais do canal de TV paga Warner, começa o canto de cisne de
"ER". Depois dele, o seriado entra
para a história da televisão mundial.
"ER" não apenas mudou tudo na
teledramaturgia seriada da televisão
americana, como foi responsável
por dar um prestígio e um status às
séries, ambos responsáveis por uma
acorrida à televisão de um público
que estava distante dela -e isso em
vários cantos do mundo.
O que havia de especial em "ER"?
Em primeiro lugar, assinaturas famosas, claro -o roteiro original, do
escritor best-seller Michael Crichton, seria filmado para o cinema por
Steven Spielberg. O Peter Pan do cinema, entretanto, preferiu filmar
outra história na qual Crichton estava trabalhando à época -sobre uma
ilha onde os milagres da então ainda
misteriosa engenharia genética seriam capazes de trazer dinossauros à
vida. Acertadamente, como os próximos 15 anos demonstrariam, o roteiro de Crichton acabou indo para TV.
Mas "ER" não se sustentaria apenas com isso, evidentemente. Havia
aventura no roteiro -representada
pela luta cotidiana de um grupo de
médicos e enfermeiras para salvar
vidas-, havia ação o suficiente -o
ritmo dos episódios nas primeiras
temporadas beirava o alucinante- e
havia dramas adultos se desenrolando em paralelo -amores, casamentos, carreira e ambição.
Não que isso não houvesse sido
tentado antes, mas nunca com, arrisco a palavra, a seriedade vista ali.
"ER" era, finalmente, televisão com
qualidade de cinema.
A série virou matriz de várias outras assemelhadas e, de certa forma,
criou um público adulto para um
certo tipo novo de teledramaturgia.
Essa última temporada, na verdade, não deve ser lá grande coisa -a
série dá mostras de exaustão já há
um certo tempo.
Outros dramas médicos, como o
do brilhante misantropo doutor
House ou o alegre troca-troca sentimental e sexual de "Grey's Anatomy", tomaram seu lugar. Mas,
mesmo quase esgotado, "ER" ainda
vai merecer uma olhada -nem que
seja pelas participações especiais de
personagens que já deixaram a série,
incluindo todo o elenco original no
último episódio de duas horas, que
deve ir ao ar em novembro.
biabramo.tv@uol.com.br
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