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Elenco é levado ao improviso
COLUNISTA DA FOLHA
Se Ailton Graça rouba a cena
em "Carandiru", e Leona Cavalli
brilhou em "Um Céu de Estrelas",
a grande surpresa de "Contra Todos" são os estreantes em cinema
Giulio Lopes, Sílvia Lourenço e
Marta Meola, vindos do teatro.
O primeiro encarna Teodoro, o
pai de família; a segunda, sua filha
Soninha. Marta Meola, por sua
vez, é a namorada evangélica de
Teodoro. É difícil dizer qual dos
três está melhor no filme.
Sílvia Lourenço, 27, foi "descoberta" pelo diretor de casting de
"Contra Todos", Sung Sfai, quando trabalhava no espetáculo
"Prêt-à-Porter", de Antunes Filho. "Mas só três anos depois ele
me ligou convidando para fazer
testes para o filme", diz. A Soninha do filme é uma garota de 17
anos, o que fez Lourenço quase
perder as esperanças. "Para minha surpresa, passei no teste."
O processo de preparação para
o papel consistia em viver cenas
isoladas, improvisando reações às
situações mais variadas. "Diziam,
por exemplo: você está no seu
quarto e acabou de tomar uma
surra do pai. E eu tinha que me virar", conta a atriz, que participa
do grupo Engenho Teatral, montando peças adultas e infantis em
bairros da periferia paulistana.
Atualmente, o grupo está no
Campo Limpo, na zona Sul.
Nos ensaios, cada ator vivia seu
papel sem conhecer o roteiro e a
trajetória dos outros personagens. Antes de começar a filmar,
Roberto Moreira pediu que cada
um dos cinco atores contasse a
história tal como a havia entendido. Surgiram cinco versões diferentes, mas cada personagem estava como ele queria.
"O Roberto acabou incorporando ao filme muita coisa que criamos no processo de preparação",
afirma Giulio Lopes, 44.
Nascido em Poá, cidade-dormitório da Grande São Paulo, Lopes
diz conhecer bem o universo retratado em "Contra Todos". "Comecei a trabalhar aos 11 anos, no
balcão de uma bombonière", diz
o ator, que cursou a Escola de Arte Dramática da USP e trabalhou
anos como vendedor, enquanto
fazia teatro amador.
Lopes, que fez pontas em várias
novelas da Globo, atuará agora na
peça "O Enigma Blatavsky", que
estréia quinta-feira, sob direção
de Iacov Hillel, no teatro do colégio Santa Cruz.
(JGC)
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