BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Em um primeiro momento, o que mais chama a atenção no "Ensaio" (Cultura) de hoje, que traz a banda Pato Fu, é um contraste aparentemente banal: o colorido do grupo mineiro com o "dark" do programa dirigido por Fernando Faro.
A estética conhecida de uma atração por onde já passaram nomes como Elis Regina e Cartola -entrevistador oculto, cenário escuro e longos silêncios-, no entanto, não chega a intimidar o grupo de John e Fernanda Takai.
Nos seus últimos discos, a banda tem deixado a MPB dita séria ficar mais aparente em sua sonoridade. Fato que pode ser confirmado nesta edição do programa, gravado no ano passado, que veio no embalo da turnê de divulgação do mais recente lançamento do Pato Fu, o "MTV ao Vivo".
Caminho natural para uma banda que, aos poucos e muito discretamente, constrói uma das carreiras mais tranquilas do pop nacional recente. É John, o mentor da banda, quem explica a lógica do Pato Fu. "Nunca fomos marcados por um hit monstruoso; nosso estilo é fazer muitos shows, criar hits dentro dos shows e deixar tudo acontecer naturalmente", explica, antes de tocar "Capetão 66.6 FM".
Nas perguntas ocultas de Faro, fica evidente o fato de que o Pato Fu é uma cria direta do pop dos anos 80. "Antes de começar a tocar, eu era skatista e só ouvia Devo, B-52's e Talking Heads."
Pela seleção das músicas, como "Canção para Você Viver Mais", "Por Perto", "Me Explica", "Nada pra Mim", fica o retrato deste tal de rock brasileiro dos anos 90: amigável e sem confrontos aparentes, como um casamento estável e duradouro.