|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRÍTICA
Disco tem menos idéias
especial para a Folha
Já aconteceu com Luiz Melodia, Ben Jor, Gal Costa, Milton
Nascimento. Lançar-se sobre o
próprio repertório pode ter resultados desastrosos, e Beto
Guedes não é a exceção que
confirma a regra. "Dias de
Paz" não acrescenta grandes
idéias -muito pelo contrário- às boas e, eventualmente, ótimas idéias que Guedes
teve em 77 ("Lumiar", "Maria
Solidária"), 80 ("Pedras Rolando") etc.
É verdade que aquelas gravações foram feitas em mesas de
pouquíssimos canais e agora
reaparecem em 48. Mas e daí?
Há intervenções inexplicáveis, como o saxofone sempre
adocicado, inadequado, de Leo
Gandelman, já na introdução
de "Amor de Índio", ou um
solo de guitarra ao final de
"Sol de Primavera". "Lumiar" ganha comentários de
uma seção de metais polidos
demais, e "Pedras Rolando"
sofre com o vocal titubeante de
Toni Garrido -à maneira que
faz em seu grupo, insistindo
em prolongar as vogais.
Quanto às novas, "Dias de
Chuva", versão dos Carpenters, tem timbres de teclado
dignos de shows de Ângela Rô
Rô (costuma ser o único instrumento que ela tem grana
para bancar nesses eventos) e
um coral gospel pouco crível.
É estranho imaginar que
Guedes esteja por trás disso tudo, ele que é um excelente arranjador, instrumentista prolífico e, mais que isso, sensível.
Talvez seja uma détente para o
seu retorno. Ele agora compõe
também apoiando-se em programas inteiros de pedais ou
teclados eletrônicos.
Em "Asas", a nova versão de
" Belo Horror", que gravou
em 73, e que lembra escancaradamente "Close to the Edge",
do grupo progressivo Yes,
Guedes usou o "Fantasy", que
praticamente reproduz o solo
de Steve Howe na suíte
"Soon". "Só que o Howe fazia
aquilo na guitarra", reconhece
ele.
(PV)
Disco: Dias de Paz
Artista: Beto Guedes
Lançamento: Sony Music
Quanto: R$ 18 (em média)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|