São Paulo, quarta, 24 de junho de 1998

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Caim e Abel e Leandro e Leonardo

BARBARA GANCIA
Colunista da Folha


As imagens das filas na entrada do velório do cantor Leandro fizeram lembrar outro ídolo brasileiro velado na mesma Assembléia Legislativa: o piloto Ayrton Senna.
Mas, enquanto acompanhava pelo canal Globonews a chegada de Leonardo ao aeroporto de Congonhas, foi outro irmão famoso, também morto por um tumor fulminante, que me veio à cabeça: o falso bom moço Pedro Collor.
A distância que separa os irmãos Collor da dupla sertaneja é quase a mesma que Leandro e Leonardo percorreram das lavouras de tomates de Goiás até o estrelato.
Movido por inveja e vingança, Pedro acabou fazendo história como justiceiro. E, até hoje, ainda há quem compre a idéia de que foi a dor pelo rompimento com o irmão que causou o tumor na cabeça.
A verdade é bem outra. Se Fernando Collor não tivesse cortado as asinhas do irmão, que queria a todo custo se valer do parentesco com o presidente para fazer "negócios" em Brasília, só Deus sabe como teria terminado o seu mandato.
Certamente não seria com o impeachment detonado por uma entrevista no pior estilo dedo-duro à revista "Veja".
Em Alagoas, Pedro era conhecido como "Pedro, o mole", uma referência ao estado etílico a que se reduzia depois das noitadas de boemia.
Descrito por quem o conheceu como um sujeito temperamental e de caráter fraco, no início do mandato do irmão, Pedro chegou a alugar um escritório em Brasília.
Foi posto para correr pelo mais velho. Fernando não o queria por perto. Não confiava nele. E deu no que deu.
Apesar das coincidências, a dupla Leandro e Leonardo não tem absolutamente nada a ver com os irmãos Collor. Com afeto e cumplicidade invejáveis, fizeram tudo juntos.
Beto Carrero certa vez me contou que conheceu Leandro e Leonardo quando eles ainda não eram famosos: "Estava na cara que iriam longe".
Segundo ele, ao contrário de outras duplas sertanejas em início de carreira, os dois nunca recusavam seus convites para cantar, no meio da madrugada, em um programa de rádio que ele conduzia em Goiás.
Tivessem aquelas elites de onde saíram os Collor aprendido a arregaçar as mangas como Leandro e Leonardo, quem sabe nós não fôssemos hoje apenas o país do futebol.

QUALQUER NOTA

Besame mucho
E eu, que andava morrendo de saudades das cenas calientes da novela "Por Amor", agora estou adorando os gols do Batistuta. Aqueles abraços e beijos que o Ortega tem dado no artilheiro para comemorar os gols não são a cara dos amassos que a Carolina Ferraz dava no Eduardo Moscovis?

Socorro
Esse tal canal Gospel está querendo nos matar de susto ou o quê? Toda vez que o zapping faz a gente dar uma paradinha por lá, é batata encontrar uma clone da ex-ministra Dorothéa Werneck pregando o Evangelho.

Paris, Texas
Perdoe-me o leitor que leu na coluna da sexta que a cidadezinha americana Brazil fica no Texas. Wim Wenders e aprendendo, ela faz parte do Estado de Indiana.

E-mail: barbara@uol.com.br



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