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Caim e Abel e Leandro e Leonardo
BARBARA GANCIA
Colunista da Folha
As imagens das filas na entrada do velório do cantor
Leandro fizeram lembrar outro ídolo brasileiro velado na
mesma Assembléia Legislativa:
o piloto Ayrton Senna.
Mas, enquanto acompanhava pelo canal Globonews a
chegada de Leonardo ao aeroporto de Congonhas, foi outro
irmão famoso, também morto
por um tumor fulminante, que
me veio à cabeça: o falso bom
moço Pedro Collor.
A distância que separa os irmãos Collor da dupla sertaneja é quase a mesma que Leandro e Leonardo percorreram
das lavouras de tomates de
Goiás até o estrelato.
Movido por inveja e vingança, Pedro acabou fazendo história como justiceiro. E, até
hoje, ainda há quem compre a
idéia de que foi a dor pelo
rompimento com o irmão que
causou o tumor na cabeça.
A verdade é bem outra. Se
Fernando Collor não tivesse
cortado as asinhas do irmão,
que queria a todo custo se valer do parentesco com o presidente para fazer "negócios" em
Brasília, só Deus sabe como teria terminado o seu mandato.
Certamente não seria com o
impeachment detonado por
uma entrevista no pior estilo
dedo-duro à revista "Veja".
Em Alagoas, Pedro era conhecido como "Pedro, o mole",
uma referência ao estado etílico a que se reduzia depois das
noitadas de boemia.
Descrito por quem o conheceu como um sujeito temperamental e de caráter fraco, no
início do mandato do irmão,
Pedro chegou a alugar um escritório em Brasília.
Foi posto para correr pelo
mais velho. Fernando não o
queria por perto. Não confiava
nele. E deu no que deu.
Apesar das coincidências, a
dupla Leandro e Leonardo não
tem absolutamente nada a ver
com os irmãos Collor. Com
afeto e cumplicidade invejáveis, fizeram tudo juntos.
Beto Carrero certa vez me
contou que conheceu Leandro
e Leonardo quando eles ainda
não eram famosos: "Estava na
cara que iriam longe".
Segundo ele, ao contrário de
outras duplas sertanejas em
início de carreira, os dois nunca recusavam seus convites para cantar, no meio da madrugada, em um programa de rádio que ele conduzia em Goiás.
Tivessem aquelas elites de
onde saíram os Collor aprendido a arregaçar as mangas como Leandro e Leonardo, quem
sabe nós não fôssemos hoje
apenas o país do futebol.
QUALQUER NOTA
Besame mucho
E eu, que andava morrendo de
saudades das cenas calientes da
novela "Por Amor", agora estou
adorando os gols do Batistuta.
Aqueles abraços e beijos que o Ortega tem dado no artilheiro para
comemorar os gols não são a cara
dos amassos que a Carolina Ferraz
dava no Eduardo Moscovis?
Socorro
Esse tal canal Gospel está querendo nos matar de susto ou o
quê? Toda vez que o zapping faz a
gente dar uma paradinha por lá, é
batata encontrar uma clone da
ex-ministra Dorothéa Werneck
pregando o Evangelho.
Paris, Texas
Perdoe-me o leitor que leu na
coluna da sexta que a cidadezinha
americana Brazil fica no Texas.
Wim Wenders e aprendendo, ela
faz parte do Estado de Indiana.
E-mail: barbara@uol.com.br
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