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Aumento do tumor foi superior a 100%
apenas na última semana, diz médico
da Reportagem Local
Apenas na última semana, o tumor de Askin que atacava o cantor
Leandro teve um aumento maior
que 100%. "Dava para ver quase a
olhos vistos", afirmou ontem à
Folha o médico oncologista Cláudio Petrilli, da equipe do hospital
São Luiz.
"A despeito da quimioterapia, o
tumor mais que dobrou de tamanho. Não dá para saber em números exatos, mas todas as veias e artérias que saíam do coração estavam sendo comprimidas", explicou Petrilli.
"Todos os órgãos superiores de
Leandro, inclusive o cérebro, deixaram de receber o sangue necessário para o seu funcionamento.
Por isso, foi uma falência de múltiplos órgãos."
Para ter uma idéia da velocidade
de expansão do tumor -e de sua
extrema violência-, até a prótese
("stent") instalada na veia cava
superior do cantor já estava amassada.
O "stent", composto de uma liga metálica, havia sido colocado
na quinta-feira, exatamente para
garantir que a veia não fosse comprimida. "Ficou deformado em
apenas quatro dias", disse Petrilli.
Na segunda-feira, o pulmão direito de Leandro já estava completamente esmagado pelo tumor.
Segundo Petrilli, o câncer já ocupava "quase toda a cavidade torácica direita e estava invadindo outros espaços".
O oncologista, que cuidou de
Leandro desde 12 de maio, quando
o cantor se internou no hospital
São Luiz após voltar dos Estados
Unidos, afirmou que a última sessão de quimioterapia não conseguiu sequer conter o crescimento
do tumor.
As duas drogas quimioterápicas
usadas nessa terceira e última fase
do tratamento se chamam cisplatina e etoposídeo. São bem mais
fortes que as cinco drogas usadas
anteriormente nas duas primeiras
sessões.
Tumor raro
O tumor de Askin que ocasionou
a morte do cantor Leandro é raro
em crianças e raríssimo em adultos. Não existem sequer dados estatísticos de cura, já que o número
de casos é muito pequeno.
No caso das crianças portadoras,
existe uma estatística de cura de
30% a 40%. Mas, pela falta de
exemplos médicos, esses resultados não podem ser transpostos
para os adultos.
Em suas duas décadas de trabalho como cirurgião, Rodrigues
tratou de cinco crianças e apenas
um adulto, de 24 anos. Das crianças, duas sobreviveram.
Já o adulto está atualmente em
tratamento quimioterápico e radioterápico. Ele apresenta metástase (evolução do tumor) no pulmão, pleura, omoplata e cérebro.
Causas
Askin é um tumor de células primitivas neuroectodérmicas, o que
não quer dizer que é congênito,
como havia sido afirmado pela
equipe médica de Leandro na ocasião da divulgação do tumor.
Essas células estão presentes em
todo ser humano e dão origem às
células nervosas no desenvolvimento embrionário. São células
do sistema nervoso periférico.
A diferença é que, em certo momento da vida de algumas pessoas, essas células começam a se
reproduzir e originam o tumor.
Provavelmente, o fenômeno se
deve a alguma causa externa, que
pode ser o fumo, um vírus, um
contato com agrotóxico ou irradiações.
Porém, não existiam condições
de dizer qual foi o fator desencadeante no caso do Leandro.
"São estudos populacionais. O
que posso dizer é que por ser fumante ele é de uma população de
maior risco, mas não posso dizer
que ele desenvolveu o tumor porque fuma", afirmou a oncologista
Maria Lydia de Andrea, que tratou
do cantor.
Excesso de zelo
Apesar de o tumor poder ser
diagnosticado no Brasil, o hospital
São Luiz insistiu em mandar o
cantor para o Johns Hopkins Hospital, em Baltimore. Talvez por excesso de precaução.
O resultado foi que o tumor de
Leandro triplicou de tamanho entre sua primeira internação no São
Luiz (27 de abril) e sua volta dos
Estados Unidos (12 de maio).
Depois desse aumento, quando
o tumor atingiu 2/3 da cavidade
torácica direita, a equipe médica
brasileira conseguiu uma redução
de 20% do tumor com a primeira
sessão de quimioterapia.
Mas, segundo outros oncologistas, para que essa diminuição fosse motivo de comemoração -como foi-, ela deveria ser de pelo
menos 50%.
A partir de então, Leandro não
obteve mais melhoras significativas em seu quadro clínico.
Além desse impasse, a assessoria
de imprensa do hospital São Luiz
divulgou que o oncologista Cláudio Petrilli mantinha videoconferências diárias com o médico
americano David Ettinger, que
diagnosticou o tumor de Leandro
em Baltimore. Entretanto, nem
Ettinger nem Petrilli confirmaram
a informação.
Após a saída de Leandro do hospital Johns Hopkins, há seis semanas, os médicos se falaram apenas
duas vezes, e por telefone.
Na primeira, em 20 de maio, Petrilli comunicou a redução de 20%
no tamanho do tumor. Na segunda vez, quinta-feira passada, o
brasileiro avisou que estava iniciando a terceira sessão de quimioterapia.
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