São Paulo, quarta, 24 de junho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DIAGNÓSTICO
Tratamento só adiou a morte do cantor

JULIO ABRAMCZYK
Redator-médico da Folha

As potentes drogas (etoposide, ifosamide, vineristina, adriamicina e ciclofosfamida) usadas na quimioterapia do cantor Leandro não conseguiram impedir o crescimento do tumor.
O atendimento médico foi adequado. Mas a invasão do mediastino (a região central do tórax), produzida pelo crescimento do tumor de Askin (um câncer originário de célula embrionária), levou à compressão de importantes estruturas, provocando a morte do cantor.
Se ele não tivesse feito nenhum tratamento, provavelmente sua morte teria ocorrido antes.
A compressão provocada pelo tumor, aliada à possível toxicidade provocada pelas drogas, levou a uma queda do estado clínico geral. Nesta situação, surge a falência de múltiplos órgãos.
No sistema cardiocirculatório, aparece a hipotensão (queda da pressão arterial), que se encaminha para o choque que, por sua vez, acaba impedindo a atividade dos rins.
Os pulmões apresentam dificuldade respiratória e, mesmo com ajuda de aparelhos de assistência ventilatória, a oxigenação se torna precária.
Com a falência progressiva e sequencial de quase todos os órgãos do organismo, que param de atuar, e com o sistema de defesa (sistema imunológico) já precário, pode surgir uma infecção generalizada (septicemia).
Nesta combinação letal, muitas vezes inexorável por melhores que sejas as medidas tomadas, o resultado é fatal.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.