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São Paulo, quinta-feira, 24 de julho de 2003

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DANÇA

Companhia encena três obras do coreógrafo israelense Ohad Naharin

Balé da Cidade se movimenta entre rituais, lama e rainhas

KATIA CALSAVARA
DA REDAÇÃO

Ele chegou de Israel cobrindo com lençóis os espelhos da sala de ensaios do Balé da Cidade de São Paulo (BCSP). O coreógrafo israelense Ohad Naharin, 51, "vedou" as tradicionais miradas de canto de olho dos bailarinos, que também usam o espelho como retrovisor de cobranças, comparações e delimitação de movimentos.
Em temporada que começa amanhã, no Teatro Municipal de São Paulo, o BCSP apresenta o resultado das experimentações do convidado, que remonta para o grupo "Axioma 7" (1991), originalmente criada para o Ballet du Grand Théâtre de Genève (Suíça), além das inéditas "Queens/ Black Milk" e "Perpetuum".
"Parece que o seu corpo fala sozinho. Não precisamos passar por um processo de interiorização para depois transmitir algo. Não nos sentimos aprisionados pela técnica", diz a bailarina Luiza Meireles.
Assim como ela, todos reparam na maestria dos passos nada lineares de Naharin, que faz questão de acompanhar pessoalmente a (re)montagem de suas obras e a escolha do elenco por onde quer que mostre sua dança.
O BCSP é a única companhia latino-americana que tem obras de Naharin no repertório. Ele, que já foi diretor artístico da Batsheva Dance Company, cargo do qual abriu mão neste ano para poder "seguir para onde seu nariz apontasse", tem coreografias no Nederlands Dans Theatre, Ballet de Frankfurt, Ballet da Ópera de Lyon, entre outras.
Em entrevista à Folha, o coreógrafo comenta que recriar "Axioma 7" é uma oportunidade de revisitação. "Na época em que fiz esse balé, durante a Guerra do Golfo, precisei terminá-lo às pressas. Se tudo muda na vida e no mundo, nossas criações e referenciais também mudam. Sinto-me mais maduro para trabalhar em remontagens", conta.
Ao som do Concerto de Brandemburgo nš 4, de Bach, "Axioma 7" foi dançada pelo grupo pela primeira vez em 1996 e novamente em 1999. "É uma das minhas obras prediletas", diz Naharin.
"Queens/Black Milk" é uma espécie de duplo balé em que a primeira parte é composta apenas por solos femininos de oito rainhas, e a segunda, por cinco homens que encenam um ritual em que utilizam lama trazida diretamente da região do mar Morto.
Em um salão de baile, "Perpetuum" satiriza a decadência da burguesia européia e tem suntuosos figurinos de Rakefet Levi.


BALÉ DA CIDADE DE SÃO PAULO. Quando: de amanhã até 31/7. De seg. a sáb., às 21h, e dom., às 17h. Onde: Teatro Municipal de São Paulo (pça. Ramos de Azevedo, s/nš, tel. 0/xx/11/ 222-8698). Quanto: de R$ 10 a R$ 15.


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