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DANÇA
Companhia encena três obras do coreógrafo israelense Ohad Naharin
Balé da Cidade se movimenta entre rituais, lama e rainhas
KATIA CALSAVARA
DA REDAÇÃO
Ele chegou de Israel cobrindo
com lençóis os espelhos da sala de
ensaios do Balé da Cidade de São
Paulo (BCSP). O coreógrafo israelense Ohad Naharin, 51, "vedou"
as tradicionais miradas de canto
de olho dos bailarinos, que também usam o espelho como retrovisor de cobranças, comparações
e delimitação de movimentos.
Em temporada que começa
amanhã, no Teatro Municipal de
São Paulo, o BCSP apresenta o resultado das experimentações do
convidado, que remonta para o
grupo "Axioma 7" (1991), originalmente criada para o Ballet du
Grand Théâtre de Genève (Suíça),
além das inéditas "Queens/ Black
Milk" e "Perpetuum".
"Parece que o seu corpo fala sozinho. Não precisamos passar por
um processo de interiorização para depois transmitir algo. Não nos
sentimos aprisionados pela técnica", diz a bailarina Luiza Meireles.
Assim como ela, todos reparam
na maestria dos passos nada lineares de Naharin, que faz questão de acompanhar pessoalmente
a (re)montagem de suas obras e a
escolha do elenco por onde quer
que mostre sua dança.
O BCSP é a única companhia latino-americana que tem obras de
Naharin no repertório. Ele, que já
foi diretor artístico da Batsheva
Dance Company, cargo do qual
abriu mão neste ano para poder
"seguir para onde seu nariz apontasse", tem coreografias no Nederlands Dans Theatre, Ballet de
Frankfurt, Ballet da Ópera de
Lyon, entre outras.
Em entrevista à Folha, o coreógrafo comenta que recriar "Axioma 7" é uma oportunidade de revisitação. "Na época em que fiz
esse balé, durante a Guerra do
Golfo, precisei terminá-lo às pressas. Se tudo muda na vida e no
mundo, nossas criações e referenciais também mudam. Sinto-me mais maduro para trabalhar em
remontagens", conta.
Ao som do Concerto de Brandemburgo nš 4, de Bach, "Axioma
7" foi dançada pelo grupo pela
primeira vez em 1996 e novamente em 1999. "É uma das minhas
obras prediletas", diz Naharin.
"Queens/Black Milk" é uma espécie de duplo balé em que a primeira parte é composta apenas
por solos femininos de oito rainhas, e a segunda, por cinco homens que encenam um ritual em
que utilizam lama trazida diretamente da região do mar Morto.
Em um salão de baile, "Perpetuum" satiriza a decadência da
burguesia européia e tem suntuosos figurinos de Rakefet Levi.
BALÉ DA CIDADE DE SÃO PAULO.
Quando: de amanhã até 31/7. De seg. a
sáb., às 21h, e dom., às 17h. Onde: Teatro
Municipal de São Paulo (pça. Ramos de
Azevedo, s/nš, tel. 0/xx/11/ 222-8698).
Quanto: de R$ 10 a R$ 15.
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