São Paulo, sábado, 24 de julho de 2004

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MEMÓRIA

Músico e ator de teatro e cinema, Serge Reggiani trabalhou com Visconti, Max Ophuls e Jean Cocteau, entre outros

Cultura francesa perde Reggiani e Distel

PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA

Serge Reggiani, um dos grandes nomes da canção, do cinema e do teatro francês, morreu na noite da última quinta-feira, aos 82 anos, de parada cardíaca, em sua residência em Paris. Assim como seu amigo Yves Montand (1921-1991), Reggiani foi um artista múltiplo, boêmio e engajado, símbolo da geração que fez do Quartier Latin um centro de efervescência cultural e política nos anos 50.
Reggiani nasceu na Itália, em 1922, e ainda criança migrou com os pais para a França. Atraído pelo anúncio de uma nova escola de interpretação para cinema, começou fazendo pequenos papéis em filmes e peças de teatro até que, em 1939, Jean Cocteau o convidou para um dos papéis principais da peça "Les Enfants Terribles".
Nos anos 40 e 50, Reggiani fez mais de 30 filmes, entre eles "Étoile sans Lumière" (1946), de Marcel Blistène, em que contracenou com Edith Piaf e Yves Montand, "Les Portes de la Nuit" (1946) e "La Fleur de l'Âge" (1947), de Marcel Carné, "La Ronde" (1950), de Max Ophuls, e "Casque d'Or" (1952), de Jacques Becker.
A partir dos anos 1960, deixou Paris para se instalar nas proximidades de Cannes, em Mougins. Em 1962, participou de "Le Doulos", de Jean-Pierre Melville, e de "O Leopardo", de Visconti. Com Melville, Reggiani faria ainda "L'Armée des Ombres" (1969).
Em 1963, ele conheceu Jacques Canetti, produtor cultural que o convidou a gravar um disco.
O álbum se tornou um sucesso imediato e deu partida à sua nova carreira. Em 1967, gravou seu segundo disco, em que duas canções se tornaram hits: "Le Petit Garçon", de Jean-Loup Dabadie, e "Maxim's", de Serge Gainsbourg. No teatro, seu trabalho mais marcante foi em 1965, com a montagem de "Les Séquestrés d'Altona", de Jean-Paul Sartre.
Sua morte teve grande impacto na França. O ex-ministro da Cultura Jack Lang declarou que o país perdeu "um monstro sagrado da canção, do cinema e do teatro".

Sacha Distel
A canção francesa também perdeu anteontem outro de seus maiores símbolos com a morte de Sacha Distel, aos 71 anos, vítima de câncer. Considerado um discípulo de Maurice Chevalier, Distel se destacou como uma das melhores vozes da canção francesa nos anos 60 e 70 e também como um guitarrista de jazz. Trabalhou com Jeanne Moreau, Juliette Greco e Brigitte Bardot.


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