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MEMÓRIA
Músico e ator de teatro e cinema, Serge Reggiani trabalhou com Visconti, Max Ophuls e Jean Cocteau, entre outros
Cultura francesa perde Reggiani e Distel
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
Serge Reggiani, um dos grandes
nomes da canção, do cinema e do
teatro francês, morreu na noite da
última quinta-feira, aos 82 anos,
de parada cardíaca, em sua residência em Paris. Assim como seu
amigo Yves Montand (1921-1991),
Reggiani foi um artista múltiplo,
boêmio e engajado, símbolo da
geração que fez do Quartier Latin
um centro de efervescência cultural e política nos anos 50.
Reggiani nasceu na Itália, em
1922, e ainda criança migrou com
os pais para a França. Atraído pelo anúncio de uma nova escola de
interpretação para cinema, começou fazendo pequenos papéis em
filmes e peças de teatro até que,
em 1939, Jean Cocteau o convidou
para um dos papéis principais da
peça "Les Enfants Terribles".
Nos anos 40 e 50, Reggiani fez
mais de 30 filmes, entre eles "Étoile sans Lumière" (1946), de Marcel Blistène, em que contracenou
com Edith Piaf e Yves Montand,
"Les Portes de la Nuit" (1946) e
"La Fleur de l'Âge" (1947), de
Marcel Carné, "La Ronde" (1950),
de Max Ophuls, e "Casque d'Or"
(1952), de Jacques Becker.
A partir dos anos 1960, deixou
Paris para se instalar nas proximidades de Cannes, em Mougins.
Em 1962, participou de "Le Doulos", de Jean-Pierre Melville, e de
"O Leopardo", de Visconti. Com
Melville, Reggiani faria ainda
"L'Armée des Ombres" (1969).
Em 1963, ele conheceu Jacques
Canetti, produtor cultural que o
convidou a gravar um disco.
O álbum se tornou um sucesso
imediato e deu partida à sua nova
carreira. Em 1967, gravou seu segundo disco, em que duas canções se tornaram hits: "Le Petit
Garçon", de Jean-Loup Dabadie,
e "Maxim's", de Serge Gainsbourg. No teatro, seu trabalho
mais marcante foi em 1965, com a
montagem de "Les Séquestrés
d'Altona", de Jean-Paul Sartre.
Sua morte teve grande impacto
na França. O ex-ministro da Cultura Jack Lang declarou que o país
perdeu "um monstro sagrado da
canção, do cinema e do teatro".
Sacha Distel
A canção francesa também perdeu anteontem outro de seus
maiores símbolos com a morte de
Sacha Distel, aos 71 anos, vítima
de câncer. Considerado um discípulo de Maurice Chevalier, Distel
se destacou como uma das melhores vozes da canção francesa
nos anos 60 e 70 e também como
um guitarrista de jazz. Trabalhou
com Jeanne Moreau, Juliette Greco e Brigitte Bardot.
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