São Paulo, domingo, 24 de julho de 2005

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FILMES

TV PAGA

Salma Hayek interpreta Frida com paixão e beleza

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O cinema quase sempre coloca os artistas na constrangedora condição de seres acima do bem e do mal. A eles tudo é lícito, como se fossem feitos de outra matéria que o comum dos mortais. Esta é, aliás, uma bela maneira de esterilizar a arte, de retirá-la do mundo, designando-lhe um lugar especial, mas que é, ao mesmo tempo, um lugar vazio, inoperante.
Que fazer, então, quando há dois artistas em cena? Isso é o que vemos em "Frida" (Cinemax, 22h), onde Frida Kahlo torna-se mulher de Diego Rivera. Como temos um homem e uma mulher na parada, razões mercadológicas apontam automaticamente para a chave feminista: se tem que haver um bandido, que seja o homem.
Ora, ocorre que Rivera era Rivera, um dos célebres muralistas da escola mexicana, de maneira que a arte de Frida, também pintora, ficou à sua sombra. Aqui, quem dá as cartas, na verdade, é a escola hollywoodiana de roteiro, para a qual não basta que os seres vivam, é preciso ainda que haja um bom e um mau, ou pelo menos um melhor e um pior em oposição.
O certo é que Frida tornou-se mundialmente conhecida menos pela pintura do que pela biografia: mulher forte, anticonvencional em matéria de costumes sexuais.
Mas a ênfase do filme não vai para nenhuma dessas características. Do ponto de vista estrito do roteiro, fica a impressão de que a vida de Frida foi determinada antes de mais nada pela queda de um bonde na adolescência. Mas o desenrolar do filme acaba nos convencendo de que estamos diante de uma investida telefílmica, em que os fatos se sucedem por mero acúmulo de acontecimentos dispostos cronologicamente.
Do ponto de vista da direção, o que conta mesmo é o investimento em Salma Hayek, que faz de Frida uma mulher bem mais atraente do que sugerem suas fotos, mas que interpreta o papel com paixão.

TV ABERTA

Gibson vai à cidade primitiva e mortal em "Mad Max"

Bilhete Premiado
Record, 20h30.
(Lucky Numbers). EUA, 2000, 105 min. Direção: Nora Ephron. Com John Travolta, Lisa Kudrow, Tim Roth. Meteorologista da TV (Travolta) com vastos problemas financeiros junta-se à namorada e aos amigos para armar trambique que lhe dê o grande prêmio na próxima loteria. Rainha da xaropada, Ephron se lança na comédia de costumes. Sem êxito. Inédito.

Mad Max - Além da Cúpula do Trovão
SBT, 22h30.
(Mad Max - Beyond the Thunderdome). Austrália, 1985, 107 min. Direção: George Miller/George Ogilvie. Com Mel Gibson, Tina Turner. O terceiro e menos animador dos "Mad Max". Aqui, ele chega a uma espécie de cidade do pós-guerra nuclear, mas será exilado. Em todo caso, ok. Tina Turner ajuda.

Um Tira à Beira da Neurose
SBT, 1h45.
(Gun Shy). EUA, 2000, 102 min. Direção: Eric Blakeney. Com Liam Neeson, Sandra Bullock. Neeson faz o policial traído pelos nervos. Bullock, a garota por quem se apaixonará. Há o drama policial (apesar dos problemas, ele tem uma nova missão), o romance e a comédia (esta vem de "A Máfia no Divã", talvez).

Lili, Minha Adorável Espiã
Bandeirantes, 0h45.
(Darling Lili). EUA, 1970, 105 min. Direção: Blake Edwards. Com Julie Andrews, Rocky Hudson, Jeremy Kemp. Andrews é a cantora inglesa que se torna espiã a favor da Alemanha, durante a Primeira Guerra. Sua missão será seduzir e obter informações de um oficial aliado (Hudson). A história passará por muitas alternativas, algumas delas previsíveis. Mas seu fracasso pode ser atribuído sobretudo à mistura de gêneros: há musical, drama romântico, filme de espionagem. Enfim, de quase tudo. Apesar de isso induzir à confusão, os momentos fortes justificam a atenção.

Splash - Uma Sereia em Minha Vida
SBT, 3h35.
(Splash). EUA, 1984, 103 min. Direção: Ron Howard. Com Tom Hanks. O que acontece quando uma bela sereia sai das águas para concretizar um velho sonho de um homem? Bela premissa fantástica que não se agüenta durante todo o filme. Mas, quando se agüenta, vale o show. (IA)


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