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FILMES
TV PAGA
Salma Hayek interpreta Frida com paixão e beleza
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O cinema quase sempre coloca
os artistas na constrangedora condição de seres acima do bem e do
mal. A eles tudo é lícito, como se
fossem feitos de outra matéria que
o comum dos mortais. Esta é,
aliás, uma bela maneira de esterilizar a arte, de retirá-la do mundo,
designando-lhe um lugar especial,
mas que é, ao mesmo tempo, um
lugar vazio, inoperante.
Que fazer, então, quando há
dois artistas em cena? Isso é o que
vemos em "Frida" (Cinemax,
22h), onde Frida Kahlo torna-se
mulher de Diego Rivera. Como temos um homem e uma mulher na
parada, razões mercadológicas
apontam automaticamente para a
chave feminista: se tem que haver
um bandido, que seja o homem.
Ora, ocorre que Rivera era Rivera, um dos célebres muralistas da
escola mexicana, de maneira que a
arte de Frida, também pintora, ficou à sua sombra. Aqui, quem dá
as cartas, na verdade, é a escola
hollywoodiana de roteiro, para a
qual não basta que os seres vivam,
é preciso ainda que haja um bom e
um mau, ou pelo menos um melhor e um pior em oposição.
O certo é que Frida tornou-se
mundialmente conhecida menos
pela pintura do que pela biografia:
mulher forte, anticonvencional
em matéria de costumes sexuais.
Mas a ênfase do filme não vai
para nenhuma dessas características. Do ponto de vista estrito do
roteiro, fica a impressão de que a
vida de Frida foi determinada antes de mais nada pela queda de um
bonde na adolescência. Mas o desenrolar do filme acaba nos convencendo de que estamos diante
de uma investida telefílmica, em
que os fatos se sucedem por mero
acúmulo de acontecimentos dispostos cronologicamente.
Do ponto de vista da direção, o
que conta mesmo é o investimento em Salma Hayek, que faz de Frida uma mulher bem mais atraente
do que sugerem suas fotos, mas
que interpreta o papel com paixão.
TV ABERTA
Gibson vai à cidade primitiva e mortal em "Mad Max"
Bilhete Premiado
Record, 20h30.
(Lucky Numbers). EUA, 2000, 105 min.
Direção: Nora Ephron. Com John Travolta,
Lisa Kudrow, Tim Roth. Meteorologista da
TV (Travolta) com vastos problemas
financeiros junta-se à namorada e aos
amigos para armar trambique que lhe dê
o grande prêmio na próxima loteria.
Rainha da xaropada, Ephron se lança na
comédia de costumes. Sem êxito. Inédito.
Mad Max - Além da Cúpula do Trovão
SBT, 22h30.
(Mad Max - Beyond the Thunderdome).
Austrália, 1985, 107 min. Direção: George
Miller/George Ogilvie. Com Mel Gibson,
Tina Turner. O terceiro e menos animador
dos "Mad Max". Aqui, ele chega a uma
espécie de cidade do pós-guerra nuclear,
mas será exilado. Em todo caso, ok. Tina
Turner ajuda.
Um Tira à Beira da Neurose
SBT, 1h45.
(Gun Shy). EUA, 2000, 102 min. Direção:
Eric Blakeney. Com Liam Neeson, Sandra
Bullock. Neeson faz o policial traído pelos
nervos. Bullock, a garota por quem se
apaixonará. Há o drama policial (apesar
dos problemas, ele tem uma nova
missão), o romance e a comédia (esta
vem de "A Máfia no Divã", talvez).
Lili, Minha Adorável Espiã
Bandeirantes, 0h45.
(Darling Lili). EUA, 1970, 105 min.
Direção: Blake Edwards. Com Julie
Andrews, Rocky Hudson, Jeremy Kemp.
Andrews é a cantora inglesa que se torna
espiã a favor da Alemanha, durante a
Primeira Guerra. Sua missão será seduzir
e obter informações de um oficial aliado
(Hudson). A história passará por muitas
alternativas, algumas delas previsíveis.
Mas seu fracasso pode ser atribuído
sobretudo à mistura de gêneros: há
musical, drama romântico, filme de
espionagem. Enfim, de quase tudo.
Apesar de isso induzir à confusão, os
momentos fortes justificam a atenção.
Splash - Uma Sereia em Minha Vida
SBT, 3h35.
(Splash). EUA, 1984, 103 min. Direção:
Ron Howard. Com Tom Hanks. O que
acontece quando uma bela sereia sai das
águas para concretizar um velho sonho
de um homem? Bela premissa fantástica
que não se agüenta durante todo o filme.
Mas, quando se agüenta, vale o show.
(IA)
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