São Paulo, domingo, 24 de julho de 2005

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"Telespectador verá diferenças entre a TV latina e a CNN"

DA REPORTAGEM LOCAL

A diferença entre o jornalismo da Telesur e o da CNN será percebida pelos telespectadores, na opinião do vice-presidente da TV latina, Aram Aharonian. "Nosso olhar será distinto do dos norte-americanos, espanhóis, franceses, britânicos etc.", disse à Folha. Leia abaixo, trechos da entrevista concedida de Caracas. (LM)

 

Folha - O sr. concorda que a Telesur seja a Al Jazira latina?
Aram Aharonian -
Deixemos claro: a Telesur é uma empresa multiestatal latino-americana, e a Al Jazira, uma empresa privada. Podemos nos parecer por ter olhares alternativos sobre as supostas realidades mostradas na TV do Norte, por nos opormos à mensagem única.

Folha - Como garantir a independência em uma TV financiada por verba estatal? A programação não poderá sofrer influência dos países e passar ao telespectador a idéia de que seja uma propaganda dos governos?
Aharonian -
Devemos diferenciar uma política de Estado de uma política de governo. Os governos não têm por que ter influência na programação, que será desenhada por uma junta composta por comunicadores e documentaristas de vários países, inclusive do Brasil, com recomendações de um conselho formado por 35 personalidade de todo o mundo. Não subestimemos o telespectador, que é quem, no final das contas, tem a capacidade de censura: se não gosta ou se sente enganado, pode fazer um "clic" e mudar de canal.

Folha - Como será a cobertura da política da Venezuela? E da atual crise do governo brasileiro? De que forma serão diferente das apresentadas pelas grandes redes internacionais?
Aharonian -
Para as cadeias internacionais, nós, os latino-americanos, existimos só quando há catástrofe. A TV do Norte nos vê em preto-e-branco, e nós somos um continente colorido, plural. Eles nos vêem com os olhos deles, de acordo com seus interesses. Durante 513 anos, temos sido treinados a nos enxergar com o olhar estrangeiro. É hora de começar a usar o nosso olhar, de nos conhecer e reconhecer, aprender a confiar em nossos vizinhos e nos integrar. Notícias da Telesur partem de dois critérios básicos: devem ser contextualizadas e balanceadas, com diversas fontes e opiniões. Não queremos formar moleques ou consumidores, mas cidadãos críticos. A informação do Norte parece balanceada, contextualizada e verdadeira?


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