São Paulo, Sábado, 24 de Julho de 1999
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Chanchadas sustentaram estúdio, fundado em 41

da Sucursal do Rio

A Atlântida foi fundada em setembro de 1941, por Moacir Fenelon e José Carlos Burle, com uma proposta: fazer um cinema de qualidade e que atingisse o grande público.
Em sua primeira fase, produzia basicamente documentários -que deram origem aos cinejornais, mantidos até meados dos anos 80.
O primeiro deles foi um registro do 4º Congresso Eucarístico, realizado em São Paulo em 1941. Como o filme ficou com uma duração intermediária entre um curta e um longa, os fundadores da Atlântida decidiram uni-lo a um outro produto para exibição.
Foi assim que, nos cinemas, as cenas do Congresso Eucarístico foram exibidas em conjunto com "Astros em Desfile" -uma espécie de parada de sucessos com artistas como Emilinha Borba e Luiz Gonzaga.
"A Atlântida começou com um produto paradoxal", diz o coordenador do acervo do estúdio, Eduardo Giffoni.
O primeiro sucesso surgiu em 1943, com "Moleque Tião", filme dirigido por José Carlos Burle, com Grande Otelo no elenco. Mas uma sequência de filmes "sérios" trouxe prejuízos para o recém-criado estúdio.
"A opção foi começar a fazer as chanchadas, que sustentavam com seus lucros o chamado cinema sério", conta Giffoni.
Oscarito, o grande astro da Atlântida, chegou aos estúdios em 1944 e, no ano seguinte, começou sua parceria com o diretor Watson Macedo, responsável pelo período dos musicais feéricos, como "Carnaval no Fogo", realizado em 1949.
Carlos Manga chegou em 1953, trazendo uma mudança: os musicais hollywoodianos de Macedo são substituídos pela paródia e pela ironia.
Assim, o clássico "Sansão e Dalila", de Cecil B. de Mille, se transforma em "Nem Sansão nem Dalila"; a guerra fria é ironizada em "O Homem do Sputnik"; e "Matar ou Correr" faz uma paródia sobre "Matar ou Morrer", de Fred Zinnemann.
O último filme produzido pelo estúdio foi "Os Apavorados", dirigido por Ismar Porto em 1962. Hoje, a Atlântida sobrevive do que recebe pela cessão de seu acervo para utilização em filmes, documentários e programas de televisão.
Um projeto realizado em conjunto com a RioFilmes vem lançando, em vídeo, alguns dos longas produzidos.


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