São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 2000


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Cantora se mostra pronta para a festa do século 21

ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

D epois de ter virado santa, Madonna estava uma chata. Saem esbórnias sexuais na frente e escondida das câmeras, entra a ioga. Em lugar de instalar modas criativas como a roupa Adidas ou extravagantes como o sutiã de bojo, ela lançava a tatuagem de henna. No cinema, o abusado "Na Cama Com Madonna" dá lugar aos xaropíssimos "Evita" e, pior, a comédia (?) "Sobrou para Você".
Tudo bem, o disco "Ray of Light" até tinha ali um punhado de musiquinhas simpáticas, agradáveis, bem produzidas por William Orbit, em sintonia com as produções eletrônicas e tal. Mas: 1) isso é o mínimo que se espera de Madonna; 2) a faixa-título, apesar de clipe premiado, é uma levadinha trance ardida de chata.
E quando, confesso, eu já estava quase descendo para a garagem minha coleção de revistas da Madonna, julgando que toda a minha memorabilia (colecionada desde a adolescência, lá nos 80) entrava nesse terreno da recordação afetiva, ooops -como ela mesma diria. Começam a chegar os "reports" de que ela contratara não apenas Orbit, mas o exótico francês Mirwais (que a fez quase arrancar os cabelos, já que ele não fala inglês e os dois mal conseguiam se comunicar, no estúdio).
E quando chega "Music", u-la-lá. A música é um estouro. Tudo -como se diz lá de onde a gente vem. Fresca, moderna, jovem, cheia de cultura club e referências eletrônicas elaboradas, ao mesmo tempo sofisticadas e acessíveis. O clipe, nossa, é uma injeção de glamour e alegria, inspirador.
Novas entrevistas e Madonna já volta a dizer coisas que a gente quer ouvir: "Quero me divertir"; "Dançar"; "Quero explodir!" etc. Nada como um bom bofe -no caso o diretor inglês Guy Ritchie, pai do recém-nascido Rocco.
E se ela achava que poderia controlar o mundo, a vida lhe mostra, nesta temporada, que não. Tanto Rocco quanto o single de "Music" e seu lançamento foram acelerados pela ansiedade do povo.
Finalmente, "Music" marca sua entrada no mundo maravilhoso da Internet, o que certamente é um fator de rejuvenescimento e de conexão com fãs. Em seu site (www.madonnamusic.com), no clipe on line e, agora, com a euforia do Napster com o álbum (há quem diga que foi ela mesma a liberar), Madonna surpreende de novo e se mostra pronta para o século 21. Vai começar a festa.



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