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Cantora se mostra pronta
para a festa do século 21
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
D epois de ter virado santa,
Madonna estava uma chata.
Saem esbórnias sexuais na frente
e escondida das câmeras, entra a
ioga. Em lugar de instalar modas
criativas como a roupa Adidas ou
extravagantes como o sutiã de bojo, ela lançava a tatuagem de henna. No cinema, o abusado "Na
Cama Com Madonna" dá lugar
aos xaropíssimos "Evita" e, pior, a
comédia (?) "Sobrou para Você".
Tudo bem, o disco "Ray of
Light" até tinha ali um punhado
de musiquinhas simpáticas, agradáveis, bem produzidas por William Orbit, em sintonia com as
produções eletrônicas e tal. Mas:
1) isso é o mínimo que se espera
de Madonna; 2) a faixa-título,
apesar de clipe premiado, é uma
levadinha trance ardida de chata.
E quando, confesso, eu já estava
quase descendo para a garagem
minha coleção de revistas da Madonna, julgando que toda a minha memorabilia (colecionada
desde a adolescência, lá nos 80)
entrava nesse terreno da recordação afetiva, ooops -como ela
mesma diria. Começam a chegar
os "reports" de que ela contratara
não apenas Orbit, mas o exótico
francês Mirwais (que a fez quase
arrancar os cabelos, já que ele não
fala inglês e os dois mal conseguiam se comunicar, no estúdio).
E quando chega "Music", u-la-lá. A música é um estouro. Tudo
-como se diz lá de onde a gente
vem. Fresca, moderna, jovem,
cheia de cultura club e referências
eletrônicas elaboradas, ao mesmo
tempo sofisticadas e acessíveis. O
clipe, nossa, é uma injeção de glamour e alegria, inspirador.
Novas entrevistas e Madonna já
volta a dizer coisas que a gente
quer ouvir: "Quero me divertir";
"Dançar"; "Quero explodir!" etc.
Nada como um bom bofe -no
caso o diretor inglês Guy Ritchie,
pai do recém-nascido Rocco.
E se ela achava que poderia controlar o mundo, a vida lhe mostra,
nesta temporada, que não. Tanto
Rocco quanto o single de "Music"
e seu lançamento foram acelerados pela ansiedade do povo.
Finalmente, "Music" marca sua
entrada no mundo maravilhoso
da Internet, o que certamente é
um fator de rejuvenescimento e
de conexão com fãs. Em seu site
(www.madonnamusic.com), no
clipe on line e, agora, com a euforia do Napster com o álbum (há
quem diga que foi ela mesma a liberar), Madonna surpreende de
novo e se mostra pronta para o século 21. Vai começar a festa.
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