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EUROPA LITERÁRIA
FESTIVAL DE EDIMBURGO
Diferentemente da Feira de Frankurt, evento é menor e prioriza autores e leitores, e não editoras
Cidade escocesa direciona pupilas aos livros
CASSIANO ELEK MACHADO
ENVIADO ESPECIAL A EDIMBURGO
O festival literário de Edimburgo não é tão famoso quanto o seu
colega teatral, nem tão gigantesco,
mas, completados seus primeiros
anos de vida, esse evento já conquistou um papel de destaque no
mapa mundial das letras.
A Feira de Livros de Frankfurt
está disparada na frente como o
maior acontecimento do mercado editorial, em um ranking em
que o Salão do Livro de Paris vem
na sequência e em que mesmo a
bienal paulistana não faz feio.
Mas, se todos esses colocam os
olhos principalmente no comércio livreiro, Edimburgo enfia suas
pupilas direto nos livros. Os autores, e não as editoras, é que reinam. Leitores, não agentes literários ou editores, é que são os seus
súditos.
E nunca foram tantos, "nobreza" e "vassalos", quanto nesta edição do festival escocês, que se autodenomina "a maior celebração
mundial da palavra escrita".
Até a próxima segunda-feira terão passado pelas tendas de
Edimburgo, desde 10 de agosto,
mais de 550 escritores, falando diretamente para um público de 150
mil pessoas, o que representa um
aumento de 60% em relação ao
ano passado.
Falou-se em "tendas"? Isso mesmo. Se a Feira do Livro de Frankfurt se esparrama por uma área
equivalente à de uns dez Anhembis, o festival britânico ocupa um
singelo parque, menor do que um
campo de futebol oficial, no centro do qual está a não menos singela estátua do príncipe Alberto a
cavalo.
Nesse gramado, chamado de
Charlotte Square Gardens, são
fincadas 11 tendas de tamanhos e
de nomes variados. Dentro delas,
abrigados contra a insistente garoa escocesa, o público senta em
pequenas arquibancadas para ouvir os escritores falarem de suas
obras, participarem de debates ou
mesmo fazerem leituras de seus
trabalhos mais recentes.
Paga-se, e não pouco, pelos ingressos (em média 7 libras ou cerca de R$ 33).
Neste ano o evento importou
para a Escócia autores como o israelense Amos Oz, o palestino Edward Said, a norte-americana Joyce Carol Oates e algumas celebridades mais próximas, caso do inglês Ian McEwan e do irlandês
Seamus Heaney.
De modo mais amplo, porém, a
grande novidade foi a estréia de
um conjunto de eventos com o
nome Provocations. Sob o título
provocativo, esse festival dentro
do festival (que faz parte do grupo
de festivais da cidade nesta mesma época) teve início na última
quinta-feira exibindo uma escalação de primeiro time.
Parceria do British Council com
o Scottish Ars Council, conselhos
de fomento das culturas britânicas, de modo geral, e escocesa,
Provocations teve já em seu primeiro dia ao menos dois escritores de grande projeção atualmente na língua inglesa: o americano
Rick Moody e o inglês Jim Crace.
Mas a provocação-mór está
marcada para amanhã. Em sua
primeira aparição pública desde
que anunciou que está com câncer no estômago, um dos principais nomes da dramaturgia mundial nos últimos cem anos ocupará a tenda Consignia (nome pelo
qual é conhecido hoje o correio
britânico). Trata-se de sir Harold
Pinter, 71, autor de clássicos do
teatro contemporâneo, como
"Homecoming" (Volta ao Lar), e
provocador inveterado.
O jornalista Cassiano Elek Machado
viajou a convite do British Council
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