São Paulo, sábado, 24 de agosto de 2002

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LIVRO

Pesquisadora Silvana Garcia organiza depoimentos de 17 personalidades que participaram do ciclo no Ágora em SP

"Odisséia do Teatro Brasileiro" reconta história

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Um ditirambo para a história da arte do teatro no país. Atores, diretores e autores protagonistas da cena moderna ou contemporânea compartilham pensamentos e inquietações em "Odisséia do Teatro Brasileiro" (ed. Senac), livro organizado pela pesquisadora Silvana Garcia, com lançamento na próxima segunda em São Paulo.
Em agosto de 2000, o Ágora -Centro de Desenvolvimento Teatral abrigou em seu palco, na Bela Vista, o ciclo "Odisséia do Teatro Brasileiro".
Estabeleceu-se analogia com o poema épico do grego Homero (nascido por volta de 700 a.C.) para traçar a evolução do teatro nacional por meio de debates e depoimentos de 17 artistas.
No clássico, Ulisses aventura-se por 20 anos para finalmente retornar à ilha de Ítaca, e para os braços da mulher, Penélope, graças à coragem do filho Telêmaco e intervenção da deusa da sabedoria, Palas Atena.
A primeira parte do ciclo, intitulada "Guerra de Tróia", promoveu encontros dos diretores Gianni Ratto e Fauzi Arap; dos dramaturgos Gianfrancesco Guarnieri e Aimar Labaki; e do pesquisador Fernando Peixoto e do diretor Sérgio de Carvalho.
Na segunda, "Telêmacos ou os Pretendentes de Penélope", aconteceram três mesas: uma com os diretores Eduardo Tolentino (grupo Tapa), Enrique Diaz (Cia. dos Atores) e Antônio Araújo (Teatro da Vertigem); outra com os também diretores Aderbal Freire-Filho e João das Neves; e a última com o ator e diretor Luiz Paulo Vasconcellos e com o diretor Márcio de Souza.
A terceira e derradeira parte da "Odisséia", batizada "Os Ulisses Retomam Ítaca", trouxe, um a cada noite, o ator Paulo Autran e os diretores Augusto Boal (grupo Teatro do Oprimido), Antunes Filho (Centro de Pesquisa Teatral, CPT-Sesc) e José Celso Martinez Corrêa (Oficina Uzyna Uzona).
Ratto abriu com sua experiência no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Ele vê a produção atual com desalento, acha que "hoje caminhamos para a morte do teatro", que são necessários "poetas" para desviá-lo desse curso.
Em sua ponte com a produção dos anos 60 (Teatro de Arena, Opinião, Oficina), Guarnieri disse que "preferia a censura da ditadura a uma censura real, uma censura muito mais profunda que está existindo, esta censura econômica, a da ditadura do mercado".
Um dos diagnósticos recorrentes nos encontros foi o da reafirmação do teatro de grupo nos anos 90, como pontuaram, por exemplo, Peixoto, Carvalho, Araújo e Freire-Filho.
A formação de ator, a nova dramaturgia, a influência artística dos participantes, a relação teatro-TV e a mídia também foram alguns dos tópicos abordados.
Com o ciclo, e agora o livro, "poderemos reavivar nossa reflexão, recuperando as linhas evolutivas do teatro brasileiro, ao mesmo tempo que traçamos um panorama das principais propostas estéticas que norteiam o nosso teatro", diz o ator Celso Frateschi, co-idealizador do Ágora com o diretor Roberto Lage.


ODISSÉIA DO TEATRO BRASILEIRO.
Organização: Silvana Garcia (ed. Senac, 307 págs, R$ 35). Lançamento: seg., dia 26, às 19h, no teatro Ágora (r. Rui Barbosa, 672, tel. 0/xx/11/3284-0290)




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