|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Última Moda
ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@folha.com.br
Caroline Aparecida, a catequista que virou top
Avessa a baladas, Carol Trentini, a 5ª maior modelo do mundo, freqüenta a Igreja Católica e já deu aulas de religião
Aos domingos, quando os relógios batem 13h em Nova
York, a top brasileira Caroline
Trentini está pronta para seu
compromisso mais importante
da semana. Não se trata de mais
uma sessão com o fotógrafo ultrahype Steven Meisel nem de
um encontro com Anna Wintour - poderosa editora da
"Vogue" e que tem a loirinha
gaúcha em sua cobiçada e restrita lista de protegidas.
"A missa dominical é sagrada
para mim. É a minha limpeza
espiritual", conta Carol, que
freqüenta uma igreja da comunidade brasileira em Nova
York, onde mora atualmente.
Na certidão de nascimento,
Carol é Caroline Aparecida, filha de uma família de fé católica, religião que ela abraçou cedo. "Já fui professora de catequese infantil. Rezo antes de
dormir e, em desfiles tensos,
até na passarela", conta.
Neste ano, Carol ganhou o
posto de quinta modelo mais
importante do mundo no site
Models.com, referência internacional no assunto. Apesar
disso, a top tenta levar a vida
mais comum possível. "Não vivo como uma celebridade. Essa
coisa de glamour é uma ilusão
passageira", diz.
Carol não bebe, não fuma,
não freqüenta baladas da moda
e nunca usou drogas. A bela
prefere passar suas horas de
folga em jantares íntimos, idas
ao cinema e jogos de carteado
com os amigos, entre eles, a
modelo brasileira Cintia Dicker, com quem ela divide um
apartamento em Nova York.
"Entre nós duas há muita confiança. Existe muito veneno no
mundo da moda", afirma.
Nascida em Panambi, cidade
gaúcha com pouco mais de 30
mil habitantes, Carol acabou de
completar 20 anos, mas já se
considera uma mulher madura.
Segundo ela, porque teve uma
infância complicada -perdeu o
pai antes de fazer
dois anos, e a mãe
teve de se virar
sozinha para
criar a top e
suas duas irmãs mais velhas.
"Via a minha mãe fazendo contas, decidindo se pagaria a luz
ou o telefone. Isso me deu senso de responsabilidade, sabia
que a vida não estava fácil."
Atualmente, a situação é outra. Além de presença marcante na "Vogue" americana - só
na última edição foram dois
editoriais- Carol tem contratos publicitários com as grifes
Oscar de La Renta, Mulberry e
Rosa Chá. Também é uma das
mais solicitadas para as passarelas de Paris e Milão.
Muito confiante em fotos e
desfiles, Carol tremeu quando
foi chamada para um encontro
com Anna Wintour, que carrega a fama de "megera" da moda.
"Fui toda linda e impecável.
Estava supernervosa por
causa dos boatos
sobre ela. Mas, na
verdade, Anna é
muito educada."
No mercado,
Carol é uma das preferidas
quando a idéia é falar de luxo e
sofisticação. "Sou segura e sei
interpretar. Além disso, meu
tipo físico convence como
sendo o de uma mulher chique e aristocrática." Na intimidade, porém, a top faz a linha
desencanada: gosta mesmo é de
tênis e calça jeans.
com VIVIAN WHITEMAN
Xodó do mundo da moda, Arthur Casas lança livro
Arquitetura e moda nunca
andaram tão juntas como nos
últimos anos. Cada vez mais,
grifes famosas têm convidado
arquitetos renomados para fazerem suas lojas e desenvolverem projetos conjuntos, como a
Tiffany, que chamou Frank
Gehry para desenhar uma linha
de jóias, ou a Prada e suas parcerias com Rem Koolhass.
No Brasil, um dos arquitetos
mais solicitados pelo mundo
fashion é o paulistano Arthur
Casas, 46. Basta folhear o livro
"São Paulo na Arquitetura de
Arthur Casas", que ele lança na
próxima quinta-feira, dia 30.
Entre os 20 projetos de sua
autoria selecionados para o livro, constam a loja de Alexandre Herchcovitch em Tóquio, a
da Natura em Paris, e as lojas de
Huis Clos, Reinaldo Lourenço,
Sacada e Zeferino, nos Jardins.
Com fotos de Tuca Reinés,
texto de João Carrascosa e arte
de Ricardo van Steen, o livro
também apresenta outros trabalhos relevantes do arquiteto,
como o Hotel Emiliano, em São
Paulo, e projetos de habitações
no Brasil e no exterior.
"A arquitetura deve estar
atenta à moda, mas não pode se
inclinar demais para ela", diz
Casas na entrevista a seguir.
FOLHA - Qual a relação que existe
entre arquitetura e moda?
ARTHUR CASAS - Acho que a arquitetura tem que estar atenta
à moda, porque esta expressa
bastante a atitude das pessoas
num determinado momento,
aquilo que elas desejam e o modo como se comportam. Mas a
arquitetura não pode se inclinar demais para a moda, porque tem um espaço de tempo
diferente. Um projeto arquitetônico, para ser bom, deve tentar sobreviver à sua época.
FOLHA - Na arquitetura existem
tendências, como na moda?
CASAS - Sim, mas é uma coisa
muito perigosa, porque, se você
abraça a tendência do momento, seu trabalho pode acabar ficando datado. Em arquitetura,
é melhor você obedecer ao seu
instinto, ao seu desejo e seguir
o próprio caminho. Se, há 20
anos, eu tivesse me curvado ao
estilo neoclássico, que foi uma
tendência comercial na construção, eu poderia ter ganho
muito dinheiro, mas estaria
profissionalmente morto.
FOLHA - Você diz no livro que o Hotel Emiliano "foi concebido para não
morrer de velhice em cinco anos".
Um projeto pode envelhecer?
CASAS - Sim, pode. Por exemplo, o hotel que Philippe Starck
fez para Ian Schrager é absolutamente datado -o que não é
ruim, pois virou uma coisa vintage. Mas ele é reflexo de um
período de exageros e brincadeiras que já acabou. Se você
não pensa um pouco na duração do projeto, em dois ou três
anos ele envelhece.
FOLHA - Você também fala no livro
que "o modernismo não envelheceu. Mas também não amadureceu". O que quer dizer com isso?
CASAS - O modernismo a que
estou me referindo é o paulistano. Plasticamente, ele teve soluções muito interessantes.
Mas, do ponto de vista térmico
e acústico, teve muitos problemas. Foi por isso que muita
gente pegou ódio dele e passou
a ver as casas modernistas como o oposto da funcionalidade.
Mas hoje você tem várias formas de transformar uma casa
ou um edifício de estilo moderno em lugares muito funcionais
e aconchegantes. É desse amadurecimento que falo.
FOLHA - Quando você faz um projeto para uma loja de moda, o que é
importante levar em conta?
CASAS - Primeiramente, o produto, que é uma série de coisas,
inclusive todo o marketing feito em cima dele e voltado para
criar desejo nas pessoas. Uma
loja deve surpreender o consumidor, fazendo-o ter vontade
de consumir mais. Se um espaço comercial é refeito, e o seu
faturamento não aumenta em,
no mínimo, 30%, é porque o
projeto não deu certo.
FOLHA - Por que o neoclássico é tão
estimado em São Paulo?
CASAS - Por ignorância. É um
chique fácil, tipo "Dallas". E
também está ligado à preocupação das pessoas em ter algo
que dure para sempre, porque
passa a impressão de que não
envelhecerá -o que é também
fruto da ignorância.
LIVRO - "São Paulo na Arquitetura
de Arthur Casas" (Ed. Décor)
208 págs., R$ 96. Lançamento em
30/8, no Hotel Emiliano (r. Oscar
Freire, 384), das 19h às 22h
Fastfashion
MUSA PERFUMADA
Gisele é a estrela da
campanha do novo perfume Liberté, da Cacharel, que chega
ao Brasil em setembro. As imagens são dos fotógrafos "hype"
Mert Alas e Marcus Piggott.
ARTISTA NA ZAPPING
O artista plástico Mauricio
Ianês será o novo diretor de
criação da Zapping, mas vai
continuar como consultor da
grife Alexandre Herchcovitch,
onde atua há vários anos.
FASHION FICTION
A atriz Mel Lisboa atua no filme "Armadilha de Insetos Vênus", que a grife A Mulher do
Padre fez em vídeo como estratégia de divulgação da marca.
GALERIA MELISSA, 2
A estilista britânica J. Maskrey é a atração da festa de dois
anos da Galeria Melissa, no dia
30. Ela vem lançar a sua nova linha de calçados em parceria
com a marca.
JARDINS CHANDON
Lojas e restaurantes preparam surpresas para o evento
Promenade Chandon, que promete agitar a noite de domingo
nos Jardins, das 19h às 22h.
Texto Anterior: Thiago Ney: SP contra as raves (e skates) Próximo Texto: Cinema/estréias - Crítica/"O Grande Chefe": Em comédia rasgada, Von Trier questiona a noção de teatralidade Índice
|