São Paulo, sexta-feira, 24 de agosto de 2007

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Última Moda

ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@folha.com.br

Caroline Aparecida, a catequista que virou top

Avessa a baladas, Carol Trentini, a 5ª maior modelo do mundo, freqüenta a Igreja Católica e já deu aulas de religião

Aos domingos, quando os relógios batem 13h em Nova York, a top brasileira Caroline Trentini está pronta para seu compromisso mais importante da semana. Não se trata de mais uma sessão com o fotógrafo ultrahype Steven Meisel nem de um encontro com Anna Wintour - poderosa editora da "Vogue" e que tem a loirinha gaúcha em sua cobiçada e restrita lista de protegidas.
"A missa dominical é sagrada para mim. É a minha limpeza espiritual", conta Carol, que freqüenta uma igreja da comunidade brasileira em Nova York, onde mora atualmente.
Na certidão de nascimento, Carol é Caroline Aparecida, filha de uma família de fé católica, religião que ela abraçou cedo. "Já fui professora de catequese infantil. Rezo antes de dormir e, em desfiles tensos, até na passarela", conta.
Neste ano, Carol ganhou o posto de quinta modelo mais importante do mundo no site Models.com, referência internacional no assunto. Apesar disso, a top tenta levar a vida mais comum possível. "Não vivo como uma celebridade. Essa coisa de glamour é uma ilusão passageira", diz.
Carol não bebe, não fuma, não freqüenta baladas da moda e nunca usou drogas. A bela prefere passar suas horas de folga em jantares íntimos, idas ao cinema e jogos de carteado com os amigos, entre eles, a modelo brasileira Cintia Dicker, com quem ela divide um apartamento em Nova York. "Entre nós duas há muita confiança. Existe muito veneno no mundo da moda", afirma.
Nascida em Panambi, cidade gaúcha com pouco mais de 30 mil habitantes, Carol acabou de completar 20 anos, mas já se considera uma mulher madura. Segundo ela, porque teve uma infância complicada -perdeu o pai antes de fazer dois anos, e a mãe teve de se virar sozinha para criar a top e suas duas irmãs mais velhas. "Via a minha mãe fazendo contas, decidindo se pagaria a luz ou o telefone. Isso me deu senso de responsabilidade, sabia que a vida não estava fácil."
Atualmente, a situação é outra. Além de presença marcante na "Vogue" americana - só na última edição foram dois editoriais- Carol tem contratos publicitários com as grifes Oscar de La Renta, Mulberry e Rosa Chá. Também é uma das mais solicitadas para as passarelas de Paris e Milão.
Muito confiante em fotos e desfiles, Carol tremeu quando foi chamada para um encontro com Anna Wintour, que carrega a fama de "megera" da moda. "Fui toda linda e impecável. Estava supernervosa por causa dos boatos sobre ela. Mas, na verdade, Anna é muito educada."
No mercado, Carol é uma das preferidas quando a idéia é falar de luxo e sofisticação. "Sou segura e sei interpretar. Além disso, meu tipo físico convence como sendo o de uma mulher chique e aristocrática." Na intimidade, porém, a top faz a linha desencanada: gosta mesmo é de tênis e calça jeans.
com VIVIAN WHITEMAN

Xodó do mundo da moda, Arthur Casas lança livro

Arquitetura e moda nunca andaram tão juntas como nos últimos anos. Cada vez mais, grifes famosas têm convidado arquitetos renomados para fazerem suas lojas e desenvolverem projetos conjuntos, como a Tiffany, que chamou Frank Gehry para desenhar uma linha de jóias, ou a Prada e suas parcerias com Rem Koolhass.
No Brasil, um dos arquitetos mais solicitados pelo mundo fashion é o paulistano Arthur Casas, 46. Basta folhear o livro "São Paulo na Arquitetura de Arthur Casas", que ele lança na próxima quinta-feira, dia 30.
Entre os 20 projetos de sua autoria selecionados para o livro, constam a loja de Alexandre Herchcovitch em Tóquio, a da Natura em Paris, e as lojas de Huis Clos, Reinaldo Lourenço, Sacada e Zeferino, nos Jardins.
Com fotos de Tuca Reinés, texto de João Carrascosa e arte de Ricardo van Steen, o livro também apresenta outros trabalhos relevantes do arquiteto, como o Hotel Emiliano, em São Paulo, e projetos de habitações no Brasil e no exterior.
"A arquitetura deve estar atenta à moda, mas não pode se inclinar demais para ela", diz Casas na entrevista a seguir.

 

FOLHA - Qual a relação que existe entre arquitetura e moda?
ARTHUR CASAS -
Acho que a arquitetura tem que estar atenta à moda, porque esta expressa bastante a atitude das pessoas num determinado momento, aquilo que elas desejam e o modo como se comportam. Mas a arquitetura não pode se inclinar demais para a moda, porque tem um espaço de tempo diferente. Um projeto arquitetônico, para ser bom, deve tentar sobreviver à sua época.

FOLHA - Na arquitetura existem tendências, como na moda?
CASAS -
Sim, mas é uma coisa muito perigosa, porque, se você abraça a tendência do momento, seu trabalho pode acabar ficando datado. Em arquitetura, é melhor você obedecer ao seu instinto, ao seu desejo e seguir o próprio caminho. Se, há 20 anos, eu tivesse me curvado ao estilo neoclássico, que foi uma tendência comercial na construção, eu poderia ter ganho muito dinheiro, mas estaria profissionalmente morto.

FOLHA - Você diz no livro que o Hotel Emiliano "foi concebido para não morrer de velhice em cinco anos". Um projeto pode envelhecer?
CASAS -
Sim, pode. Por exemplo, o hotel que Philippe Starck fez para Ian Schrager é absolutamente datado -o que não é ruim, pois virou uma coisa vintage. Mas ele é reflexo de um período de exageros e brincadeiras que já acabou. Se você não pensa um pouco na duração do projeto, em dois ou três anos ele envelhece.

FOLHA - Você também fala no livro que "o modernismo não envelheceu. Mas também não amadureceu". O que quer dizer com isso?
CASAS -
O modernismo a que estou me referindo é o paulistano. Plasticamente, ele teve soluções muito interessantes. Mas, do ponto de vista térmico e acústico, teve muitos problemas. Foi por isso que muita gente pegou ódio dele e passou a ver as casas modernistas como o oposto da funcionalidade. Mas hoje você tem várias formas de transformar uma casa ou um edifício de estilo moderno em lugares muito funcionais e aconchegantes. É desse amadurecimento que falo.

FOLHA - Quando você faz um projeto para uma loja de moda, o que é importante levar em conta?
CASAS -
Primeiramente, o produto, que é uma série de coisas, inclusive todo o marketing feito em cima dele e voltado para criar desejo nas pessoas. Uma loja deve surpreender o consumidor, fazendo-o ter vontade de consumir mais. Se um espaço comercial é refeito, e o seu faturamento não aumenta em, no mínimo, 30%, é porque o projeto não deu certo.

FOLHA - Por que o neoclássico é tão estimado em São Paulo?
CASAS -
Por ignorância. É um chique fácil, tipo "Dallas". E também está ligado à preocupação das pessoas em ter algo que dure para sempre, porque passa a impressão de que não envelhecerá -o que é também fruto da ignorância.


LIVRO - "São Paulo na Arquitetura de Arthur Casas" (Ed. Décor) 208 págs., R$ 96. Lançamento em 30/8, no Hotel Emiliano (r. Oscar Freire, 384), das 19h às 22h

Fastfashion

MUSA PERFUMADA
Gisele é a estrela da campanha do novo perfume Liberté, da Cacharel, que chega ao Brasil em setembro. As imagens são dos fotógrafos "hype" Mert Alas e Marcus Piggott.

ARTISTA NA ZAPPING
O artista plástico Mauricio Ianês será o novo diretor de criação da Zapping, mas vai continuar como consultor da grife Alexandre Herchcovitch, onde atua há vários anos.

FASHION FICTION
A atriz Mel Lisboa atua no filme "Armadilha de Insetos Vênus", que a grife A Mulher do Padre fez em vídeo como estratégia de divulgação da marca.

GALERIA MELISSA, 2
A estilista britânica J. Maskrey é a atração da festa de dois anos da Galeria Melissa, no dia 30. Ela vem lançar a sua nova linha de calçados em parceria com a marca.

JARDINS CHANDON
Lojas e restaurantes preparam surpresas para o evento Promenade Chandon, que promete agitar a noite de domingo nos Jardins, das 19h às 22h.


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