São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2008

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Disco apresenta bossa de Carlos Lyra

Criador e dissidente do gênero é o título do quinto livro-CD da Coleção Folha, que chega às bancas no próximo domingo

Em 1956, músicas de Lyra, Jobim e Newton Mesquita entraram no álbum de Sylvinha Telles, considerado um marco desse estilo


DA REPORTAGEM LOCAL

Compositor de clássicos da música popular brasileira, como "Minha Namorada", "Primavera" e "Você e Eu" (parcerias com Vinicius de Moraes), ele foi tanto um precursor como, mais tarde, um dissidente da bossa nova. O cantor e violonista Carlos Lyra, 69, é o destaque do quinto volume da Coleção Folha 50 Anos de Bossa Nova, que chega às bancas no próximo domingo, dia 31.
Em 1956, Lyra ainda era um músico amador que tocava violão nas casas de amigos e em festivais, quando sua canção "Menina" foi gravada pela cantora Sylvinha Telles. Por acaso, no mesmo disco entrou a gravação de "Foi a Noite", de Tom Jobim e Newton Mesquita.
Não é à toa que alguns consideram essa casual reunião de Lyra, Jobim e Mendonça (três dos principais criadores da bossa nova), no disco de Sylvinha Telles, o marco fundador desse estilo musical, já que essas gravações continham elementos harmônicos e poéticos que o preconizaram.
Lyra também estava presente no show encabeçado por Sylvinha, em 1958, no Grupo Universitário Hebraico, no Rio, ao lado de Roberto Menescal, Nara Leão e Luizinho Eça, entre outros jovens músicos. Diz a lenda que um quadro-negro com o anúncio "Hoje, Sylvinha Telles e um grupo bossa nova" teria batizado o estilo que ainda estava em formação.
Vale lembrar que esse termo não era exatamente novo. Noel Rosa já havia usado a expressão "bossas" em seu popular samba "Coisas Nossas", de 1932.
A carreira profissional de Lyra decolou de vez em 1959, quando João Gilberto inclui três de suas composições, "Maria Ninguém", "Lobo Bobo" e "Saudade Fez um Samba" (as duas últimas em parceria com Ronaldo Bôscoli), no álbum "Chega de Saudade" outro marco fundamental nessa história.
No mesmo ano, Carlos Lyra gravou e lançou seu disco de estréia, "Bossa Nova", com outras composições de sua autoria, como "Ciúme", "Quando Chegares", "Só Mesmo Por Amor" e "Menina".
O inquieto bossa-novista não demorou a romper com a juvenil fase "do amor, do sorriso e da flor". Depois de se tornar militante do Centro Popular de Cultura (entidade vinculada ao Partido Comunista do Brasil), em 1961, tornou-se um dos pioneiros autores da ala engajada da MPB, com canções como "Maria do Maranhão" (parceria com Nelson Lins de Barros) e "Canção do Subdesenvolvido" (com Chico de Assis), cuja gravação chegou a ser proibida.


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